20 mai, 2024 - 06:00 • Ana Catarina André
Nove anos depois, os bispos de Portugal voltam a juntar-se em Roma para a visita "Ad Limina". Neste encontro com o Papa Francisco e com vários organismos da Santa Sé, espera-se que sejam abordados temas como a ação social da Igreja, os seminários, a vida do clero, mas também outros assuntos que têm dominado a agenda mediática, como os abusos sexuais de menores e a Jornada Mundial da Juventude.
A propósito dos desafios que a Igreja Católica enfrenta na atualidade, e desta visita, que começa esta segunda-feira e se prolonga até sexta-feira, dia 24, o presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Pedro Vaz Patto, afirma que a instituição “não pode viver fechada sobre si própria, como um grupo que procura defender-se de ataques exteriores”.
“Temos de nos habituar a uma postura de diálogo. Não devemos esperar que todas as pessoas concordem com as posições da Igreja, mas não podemos deixar de as propor, mesmo que elas não sejam aceites pela maior parte das pessoas, mesmo que elas contrariem a mentalidade corrente”, diz à Renascença, acrescentando: “Isto numa postura que não seja agressiva, que não seja de simples defesa, mas [apresentando] uma proposta que, no fundo, deve ajudar as pessoas a encontrarem um sentido para a sua vida."
Referindo-se ao Sínodo, cujo relatório da segunda fase em Portugal é já conhecido, Vaz Patto lembra que “um dos aspetos que [o documenta] mais destaca é a necessidade de maior corresponsabilização dos leigos” e “uma maior abertura à sociedade (…), uma sociedade que já não é o que era no sentido de uma certa hegemonia dos católicos”.
O presidente da CNJP acredita que a diminuição do número de fiéis nas igrejas, verificada nos últimos anos, e o impacto da Jornada Mundial da Juventude serão outros dos assuntos a dominar esta visita "ad limina".
Pedro Vaz Patto destaca, ainda, a pobreza como outro “dos desafios para os cristãos”.
“Os fenómenos da pobreza, agora de uma maneira especial refletidos nas dificuldades no acesso à habitação, continuam a caracterizar a sociedade portuguesa”, alerta, abordando também o atual contexto internacional. Perante a iminência da guerra, o juiz desembargador considera que os cristãos não devem resignar-se “a este retrocesso”, mas sim assumir “uma postura atenta”.