21 mai, 2024 - 22:45 • Ana Catarina André, enviada da Renascença a Roma , João Pedro Quesado
D. Virgílio Antunes, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), considera que ainda há aspetos da atual Concordata que não estão bem definidos, 20 anos depois da assinatura deste tratado entre Portugal e a Santa Sé.
"Uma das questões que tem estado sempre em cima da mesa tem a ver com aquilo que a Concordata designa de fins religiosos de um conjunto de atividades, porque esta expressão pode ser entendida numa aceção muito lata ou pode restringir-se também muito", declarou o bispo de Coimbra aos jornalistas em Roma.
Para D. Virgílio Antunes, "é necessário que, sentados à mesma mesa e numa atitude de diálogo e proativa, sejamos capazes, com o Estado português e a Santa Sé, de concluir exatamente o que são os fins religiosos, o que está incluído, o que é que não está, para que todos possamos situar-nos de forma adequada e compreender o alcance deste tratado".
O vice-presidente da CEP apontou como consequência deste aspeto não só os impactos fiscais, mas também a presença pública da Igreja, "concretamente na organização das procissões, e dos funerais, e de outros momentos de culto", nas "relações sociais" e nas relações com as forças de segurança".
"Tudo isso precisa de ser muito claro face a todos, para que não haja da parte ninguém qualquer forma de atropelo e todos vivamos em clima de muita paz social", apontou D. Virgílio Antunes.
O tema fez parte da reunião desta terça-feira entre os bispos portugueses e a Secretaria de Estado do Vaticano, no âmbito da visita "ad limina" que está a decorrer esta semana. No encontro, referiu o bispo de Coimbra, foram também abordados os esforços feitos pela Igreja pela paz em locais como a Ucrânia e a Faixa de Gaza.