21 mai, 2024 - 09:17 • Olímpia Mairos
A Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga considera que “votar nas próximas eleições é uma responsabilidade indeclinável”.
Numa nota intitulada “Por um voto pelo espírito europeu”, o organismo da Igreja Católica apela à participação dos portugueses no ato eleitoral apresentando argumentos para que ninguém fique em casa.
Desde logo, aponta que “o voto nestas eleições é um dever elementar de cidadania e um fator de legitimação popular da governação europeia, não devendo tal faculdade ser contaminada por assuntos meramente nacionais ou por agendas alicerçadas no cálculo eleitoralista”.
“Votar é desejar que a Europa não se volte para o seu umbigo. Que compreenda que ficará tanto melhor quanto melhor estiverem os outros povos. Que compreenda a riqueza da multiculturalidade, da diversidade e do livre pensamento. Que ponha a economia ao serviço dos cidadãos, e, em particular, dos mais vulneráveis”, acrescenta.
Na visão da Comissão Justiça e Paz, “o voto de cada eleitor é fundamental para que a política europeia se mobilize para defender o Bem e a Casa Comum, apesar das constantes instigações em contrário formuladas pelos engenheiros do caos”.
“Quando as ameaças se multiplicam, conjugando-se para fragilizar o Estado de Direito e os valores democráticos, votar pode ser um grito pacífico em defesa de uma Europa que respeite integralmente a vida humana, que proteja os direitos, as liberdades e as garantias”, aponta.
Para o organismo da Igreja Católica bracarense, no voto, pode e deve estar uma “manifestação de apreço pela justiça, pela liberdade, pela solidariedade, pela tolerância, pela dignidade e pela equidade”.
A Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga aborda ainda a importância do Parlamento Europeu, cujos deputados terão o poder de co-legislar na União Europeia, consensualizando com o Conselho Europeu a legislação da Comissão Europeia que tanto afeta o dia-a-dia de cada um.
Recordando que a União Europeia tem entre os seus fundadores políticos cristãos e tem sido vivamente incentivada por sucessivos Papas, o organismo católico defende que a Europa, como “comunidade de povos deve participar ativamente na promoção e realização duma globalização na solidariedade”.
“A ‘defesa da qualidade da vida das pessoas’ requer que a edificação dessa Europa, ‘vista como comunidade de povos e de pessoas, uma comunidade solidária na esperança’, salvaguarde a dignidade humana, não a sujeitando às leis do mercado”, defende.
Na nota, a comissão alerta para uma “União Europeia profundamente alterada por uma crise mundial de saúde pública, a pandemia de Covid-19; pela saída da União Europeia de um importante país-membro, o Reino Unido; e por ter às portas uma guerra, resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia”.
“O novo panorama, conjugado com outros problemas, tem tido consequências económicas, políticas e sociais que se têm feito severamente sentir”, sublinha, sinalizando que “a União Europeia vive, hoje, um momento de polarização amiúde com contornos de enorme violência”.
“Os populistas têm aumentado o número de seguidores, conseguindo, em muitos sítios, disseminar o racismo e a xenofobia, a discórdia e o medo”, adverte.
Citando o Papa Francisco num discurso feito ao Parlamento Europeu em 2014, a comissão defende que “a Europa deve alimentar uma esperança assente na confiança em que as dificuldades se podem revelar, fortemente, promotoras de unidade, para vencer todos os medos que a Europa – juntamente com o mundo inteiro – está a atravessar”.
“O apelo – o apelo cristão – é a um tempo simples e complexo: a Europa deve continuar a ser este bom lugar em que, assim o queiramos nós, o nosso próximo esteja realmente próximo e tenha os múltiplos rostos que bem conhecemos e estimamos”, indica.