07 jun, 2024 - 15:41 • Aura Miguel
Os moradores do bairro de Palmarola, situado numa das periferias de Roma, ficaram surpreendidos, na passada quinta-feira, quando viram o Papa sair de um Fiat 500 e dirigir-se ao pátio de um condomínio.
Francisco saudou alguns habitantes, debruçados nas varandas e avançou para as traseiras de um prédio, entre uma fileira portões de garagem e um muro de tijolos ainda por restaurar. O Santo Padre sentou-se numa cadeira de braços e reuniu-se ali mesmo, com três dezenas de fiéis, para uma sessão de catequese.
Esta é a terceira vez que Francisco se desloca a uma paróquia romana, para dialogar sobre a importância da oração, no âmbito dos preparativos para o Jubileu 2025. Mas, nesta quinta-feira, o encontro não se realizou num salão paroquial, nem num auditório, como sucedeu a 11 de abril, com um grupo de crianças, e a 24 de maio, com dezenas de jovens.
Desta vez, em Palmarola, as pessoas aproximaram-se com simplicidade, algumas surpreendidas, vieram mesmo de avental e chinelas. Segundo relata o portal Vatican News, uma senhora apressou-se descer as escadas e lamentou não ter sabido antes, para poder arranjar o cabelo.
Nesta improvisada “escola de oração”, o Papa sublinhou que “uma paróquia onde as crianças não são escutadas e os idosos apagados, não é uma verdadeira comunidade cristã”. E acrescentou: É verdade que, às vezes, os velhos são - aliás, somos - chatos. Falam sempre da mesma coisa, da guerra, etc. Mas temos um grande ternura!”
Entre sorrisos e aplausos, Francisco deixou vários conselhos: “Defendamos a família, que é o oxigénio para o crescimento dos filhos. Mesmo no seio das famílias há tempestades. Se os pais discutem, é normal, mas que tenham a possibilidade de fazer a paz antes que o dia termine, porque a guerra fria do dia seguinte é terrível”.
Inicialmente, a paróquia escolhida pelo Papa para esta sessão com as famílias era outra. Francisco tinha avisado o pároco de Casal Bertone para reunir algumas famílias e manter-se discreto para não atrair os media. No entanto, nessa manhã de quinta-feira, o vice pároco usou o Facebook para anunciar algumas limitações de trânsito naquela zona, devido à visita do Papa.
A informação espalhou-se pelos jornalistas que, horas antes do tão esperado encontro, invadiram o local. Conclusão: em cima da hora, o Papa escolheu outra paróquia, conseguindo, deste modo, conversar com os fiéis, com toda a tranquilidade e longe da habitual parafernália mediática que sempre persegue o Santo Padre.