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Religião

Patriarca de Lisboa pede pactos de regime para problemas graves do país

23 jun, 2024 - 20:29 • Alexandre Abrantes Neves

À margem da ordenação de três novos padres em Lisboa, D. Rui Valério considerou que áreas como a justiça ou a saúde precisam de respostas para lá do imediato. O patriarca lamentou ainda que já estejam a ser "ultrapassadas linhas vermelhas" no Médio Oriente.

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O patriarca de Lisboa pede pactos de regime para resolver os problemas mais graves do país, como a justiça ou a saúde.

Em declarações à Renascença, D. Rui Valério sublinha que Portugal se tem confrontado com desafios que “estão muito para além de soluções imediatas”. O patriarca diz, por isso, que são necessárias respostas estruturais, em que “não se fala de cedências, mas sim de interesse comum” dos vários partidos.

“Estas situações carecem verdadeiramente dos famosos acordos de regime. Eu julgo que só assim é que nós lá iremos. Há um terreno onde todos nós estamos de acordo, vamos dialogar e vamos encontrar soluções - é para a saúde, é para o ensino, é para a justiça, é para a defesa, é para os migrantes…”, defendeu.

À margem da cerimónia de ordenações sacerdotais esta tarde no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, o patriarca de Lisboa alinhou-se também com os renovados apelos à paz do Papa Francisco para o Médio Oriente.

D. Rui Valério diz recear que o conflito seja um “rastilho” para outras regiões e, por isso, pede que se iniciem o quanto antes negociações “com todas as partes” para acabar com a guerra num local que tem “uma vocação histórica de ser berço de paz para toda a Humanidade”.

Perante o ataque perto de estruturas de ajuda humanitária Cruz Vermelha em Gaza esta semana, o patriarca considera que há linhas vermelhas que já estão a ser ultrapassadas.

“A natureza da própria guerra tem esta característica quase que vertiginosa. A partir de um certo ponto, deixa de haver linhas vermelhas e limites. Sinceramente, tenho algum temor que estejamos já nesse ponto e que já não haja uma esclarecida capacidade de discernimento para perceber até onde é que se pode ou não pode ir”, lamentou.

Novos padres com “desejo profundo de paz”

No Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa, D. Rui Valério presidiu este domingo às celebrações de ordenação de três novos padres – Lourenço Carvalho e Pedro Araújo que passam a ser presbíteros do Patriarcado de Lisboa e também António Lourenço da Companhia de Jesus.

O patriarca de Lisboa considera que este é um momento e um motivo de “esperança e alegria” para a Igreja, que vê reforçada a sua “capacidade de servir" com três exemplos que "podem ser ponte de proximidade e abraçar quem quer ser abraçado pela ternura de Deus".

Questionado pela Renascença se a ordenação de três jovens diáconos é sinal de otimismo para resolver a crise de vocações na Igreja Católica, D. Rui Valério reforçou que o “chamamento para o sacerdócio só depende de Jesus Cristo”, mas garantiu continuar a “fazer a parte que consegue gerir e a rezar pelas vocações”.

Já o padre Lourenço Carvalho, um dos ordenados este domingo, espera que o seu testemunho “toque” outros tantos para cumpriram a sua vocação. A começar agora o seu ministério, o sacerdote prevê que a futura relação com os fiéis seja marcada pelos “tempos atuais de guerra”.

Tenho um desejo profundo de paz. É uma paz que eu desejo para o mundo, mas que começa, em primeiro lugar, no coração de cada um – nas famílias de cada um, nas nas escolas, em todo o lado. Espero que eu e os outros padres ordenados possamos levar a paz aos sítios por onde andarmos e às pessoas com quem nos cruzarmos”, rematou.

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