26 jun, 2024 - 09:23 • Aura Miguel
O Papa considera “moralmente necessário” pôr fim à produção e ao tráfico droga e afirmou que “a redução da dependência de drogas não pode ser alcançada através da liberalização do seu consumo”. Por isso, “é preciso coragem” para pôr fim a esta praga.
Francisco dedicou toda a audiência geral desta quarta-feira à comemoração da Jornada Mundial contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, estabelecida pela ONU e que se assinala esta quarta-feira em todo o mundo.
“Tendo conhecido muitas histórias trágicas de toxicodependentes e das suas famílias, estou convencido de que é moralmente necessário pôr fim à produção e ao tráfico destas substâncias perigosas”, afirmou o Santo Padre.
“Quantos traficantes de morte existem, movidos pela lógica do poder e do dinheiro a qualquer custo! Esta praga, que produz violência e semeia sofrimento e morte, exige um ato de coragem de toda a sociedade”, sinalizou.
Francisco quis sublinhar os alertas que os seus antecessores fizeram sobre este problema. Citou João Paulo II ao lembrar que “o abuso de drogas empobrece todas as comunidades onde está presente” e “destrói o desejo de viver e contribuir para uma sociedade melhor”. Sem esquecer, no entanto, que cada toxicodependente “traz consigo uma história pessoal diferente, que deve ser ouvida, compreendida, amada e, na medida do possível, sanada e purificada”.
A propósito das intenções dos distribuidores e traficantes, Francisco recordou as palavras severas de Bento XVI proferidas durante uma visita a uma comunidade terapêutica: “digo aos que comercializam a droga que pensem no mal que estão provocando a uma multidão de jovens e de adultos de todos os segmentos da sociedade: Deus vai-lhes exigir satisfações. A dignidade humana não pode ser espezinhada desta maneira”.
“A redução da dependência de drogas não pode ser alcançada através da liberalização do seu consumo, como foi proposto, ou já implementado, nalguns países”, disse Francisco.
“Perante a trágica situação da toxicodependência de milhões de pessoas em todo o mundo, perante o escândalo da produção e do tráfico ilícito destas drogas, não podemos ficar indiferentes”, sublinhou.”
E, tal como Jesus parou e fez-se próximo, curando as feridas, Francisco deixou um apelo à proximidade: “também nós somos chamados a atuar, a parar diante de situações de fragilidade e de dor, a saber escutar o grito da solidão e da angústia, a inclinar-nos para levantar e reconduzir a uma nova vida aqueles que caem na escravidão da droga”.