21 jul, 2024 - 16:57 • Ana Catarina André
O Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, pediu aos dois novos bispos auxiliares de Lisboa, ordenados este domingo, que estejam junto do povo “para o escutar, exortar e ensinar” e “para sentir a alma dos mais simples, dos mais pobres, dos excluídos”.
“O amor configura-se sobretudo na relação com os outros, porque só se existe porque se foi amado e se ama”, frisou o Patriarca, na homilia da celebração de ordenação de D. Alexandre Palma e D. Nuno Isidro Cordeiro, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
“Estareis lá, junto de quem anda desencorajado, para reanimar o alento do caminho; estareis ao lado dos cansados e feridos, para oferecer repouso e cuidados, para sarar as feridas com o balsamo da misericórdia”, disse D. Rui Valério na celebração em que o núncio apostólico, D. Ivo Scapolo, lhe impôs o pálio de metropolita, que recentemente recebeu das mãos do Papa Francisco, no Vaticano.
“Viver em Cristo, estar enxertados n’Ele, não significa fugir do mundo, significa, sim, estar no mundo, mas na maneira mais bela e no modo mais útil”, disse D. Rui Valério. “ É necessário olhar o céu para ser capaz de ver a terra ; é indispensável contemplar o mistério da cruz, para descobrir o serviço aos homens e mulheres do nosso tempo”, salientou, dizendo que Lisboa “é um imenso campo, “sedenta e faminta”, “desejosa dum anúncio de Cristo Vivo que o Papa Francisco define como ‘nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo!”.
Entrevista
A afirmação é de D. Alexandre Palma, que este domi(...)
Diante de 28 bispos, entre os quais três cardeais (D. Manuel Clemente, D. José Tolentino Mendonça e D. António Marto), 220 padres e centenas de fiéis, D. Rui Valério convidou D. Alexandre Palma e D. Nuno Isidro Cordeiro a, que no final de cada dia, não considerem “tanto aquilo” que fizeram, mas aquilo que foram.
“Conscientes de que é fundamentalmente ao nível da dimensão do ser, mais do que do fazer, que a vossa relação com Cristo, com a Virgem Maria e os Santos, mais se concretiza e desenvolve”, disse o Patriarca, enfatizando que a humanidade tem hoje “necessidade do rosto” de Cristo, procurando-O “consciente ou inconscientemente”, mas “também contestando-O”.
Na homilia em que lembrou prelados como D. António Ribeiro e D. José Policarpo, que serviram anteriormente o Patriarcado de Lisboa, D. Rui Valério pediu aos novos bispos para não temerem e terem “aquela sabedoria que é simultaneamente lúcida e benevolente”, “própria de um pai de família que olha para os seus filhos com verdade e os apoia com o mais compassivo amor”.
“O nosso ministério não depende tanto das nossas qualidades, que, no entanto, são sempre um importante instrumento; nem tão pouco depende da oferta da nossa vida pelos outros; acima de tudo, depende da dádiva do nosso coração a Deus”, salientou o Patriarca de Lisboa. E acrescentou: “Por isso, nós não dizemos que somos conquistadores de almas, mas dizemos que estamos conquistados por Cristo”.