04 set, 2024 - 17:07 • Aura Miguel
A catedral de Jacarta encheu-se para acolher o Papa. Situada mesmo em frente da maior mesquita do sudeste asiático, a voz do muezim, chamando à oração, fez-se ouvir enquanto bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e catequistas de todo o território, aguardavam a chegada do ilustre visitante.
De cabeção e camisa tradicional colorida, o padre Ananias Dundo aceitou falar à Renascença. Formador de 23 seminaristas que se preparam para a ordenação na arquidiocese de Jacarta, o sacerdote encara com alegria esta visita do Papa.
O facto de estarem em minoria torna mais difícil ser católico?
Sim e não. Temos vocações, é certo. Mas, por vezes, é difícil ser católico. Por exemplo, na paróquia de Santa Bernardette, em Pinang, na periferia de Jacarta, tivemos de esperar 33 anos para podermos construir uma nova igreja. Por isso, neste contexto, a presença do Papa entre nós é muito importante e encoraja-nos a continuar.
E quando à participação na vida pública?
Corre bem, Somos, de facto, uma minoria mas temos bastantes fiéis católicos muito activos na economia e na política desta nação.
E os muçulmanos aceitam-vos bem?
Sim. Na verdade, a resistência maior vem daqueles que não levam a sério a religião. Aliás, verificamos que os que se manifestam contra, não têm qualquer estrutura religiosa.
Devo também dizer que, por vezes, o que mais nos une é sermos indonésios. Temos muitas famílias mistas, com membros de várias religiões na mesma casa e não há problemas. A questão de fundo é a seriedade com que se vive a pertença religiosa.