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Comissão Nacional Justiça e Paz. Imigração é "um bem para todos"

17 set, 2024 - 17:42 • Ângela Roque

Organismo da Igreja reconhece que o ideal era não ser preciso emigrar “para superar a pobreza”, mas considera “motivo de orgulho patriótico” haver imigrantes que querem viver em Portugal, e “motivo de vergonha” existir quem aqui se sinta “hostilizado”.

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A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) reafirmou esta terça-feira a importância da imigração para os países de acolhimento, e mesmo para os países de origem. Numa nota intitulada ‘Um bem para todos’, este organismo da Igreja católica começa por sublinhar que “num tempo em que se vão ouvindo com cada vez mais força, em Portugal e noutros países, vozes hostis aos imigrantes”, é importante seguir o exemplo do Papa Francisco, e mostrar “o bem que migrações legais, ordenadas e seguras podem trazer às sociedade de origem e destino dos imigrantes”.

Para a CNJP é cada vez mais evidente “a imprescindibilidade” dos trabalhadores imigrantes “em vários setores da atividade económica em Portugal”, com “contributos financeiros” para o Estado português "maiores do que as prestações de que beneficiam (apesar de eles conhecerem até maior risco de pobreza e privação material severa do que os nacionais)”.

A nota lembra, também, a importância dos imigrantes para ajudar a combater “a crise demográfica na Europa”, e garante que “ao contrário do que muitas vezes se propala, o incremento da imigração que Portugal conheceu nos últimos anos não se traduziu num incremento da criminalidade”.

“De um modo geral, o imigrante típico caracteriza-se por uma especial capacidade de trabalho, poupança e dedicação à família, o que contrasta em absoluto com uma maior tendência para a delinquência. Tal não invalida a importância de, como vem salientando o Papa, acolher, proteger, promover e integrar os imigrantes. Essas são também as formas mais eficazes de prevenir a criminalidade”, lê-se ainda.

Lembrando que a maior parte dos imigrantes que vêm para Portugal “partilham a nossa língua” e são “culturalmente próximos”, a CNJP subscreve o que o Papa Francisco tem defendido: o “diálogo de culturas” traduz-se num “enriquecimento recíproco”.

Para este organismo da Igreja, os imigrantes não são só “mão de obra” útil, nem devem ser vistos apenas na perspetiva do bem que podem trazer ao nosso país. “Há que encarar as migrações na perspetiva da justiça social”, porque “todos têm o mesmo direito de usufruir dos bens da terra, cujo destino é universal, como ensina a doutrina social da Igreja”.

A nota cita, ainda, a encíclica Fratelli tutti, para lembrar que “cada nação é co-responsável pelo desenvolvimento de todas as pessoas”, e que “o ideal seria que a emigração não fosse necessária para superar a pobreza, mas enquanto não houver sérios progressos no sentido do desenvolvimento dos países pobres, há que reconhecer o direito de cada pessoa a encontrar um lugar onde não só possa satisfazer necessidades básicas, mas também realizar-se plenamente como pessoa”.

“É bom que estas palavras tenham um particular eco em Portugal, um país marcado pela emigração desde há séculos”, lembra a Comissão Nacional Justiça e paz, considerando que o desafio é “tratar os imigrantes que chegam até nós como gostaríamos que fossem tratados os nossos irmãos que emigraram, e emigram, para outros países”.

A nota conclui que “deverá continuar a ser sempre para nós motivo de orgulho patriótico e de alegria que os imigrantes queiram viver em Portugal por ser um país acolhedor onde se sentem em casa. Deverá ser motivo de vergonha e de tristeza que aqui se sintam hostilizados e vítimas de discriminação e injustiça”.

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