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Homenagem Padre António Rego

"Um período admirável na minha vida". Padre António Rego relembra passagem pela Renascença

27 set, 2024 - 15:25 • Henrique Cunha

O padre António Rego, que dirigiu durante vários anos o Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, e um dos fundadores do programa 70X7, foi homenageado esta tarde em Fátima pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais. Em entrevista à Renascença, o sacerdote lembrou o período em que trabalhou na Renascença, "onde aprendi muito".

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Depois da homenagem do Presidente da República, na quinta-feira - em que foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique -, o cónego António Rego foi distinguido esta sexta-feira à tarde pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), por ocasião dos 60 anos da sua ordenação sacerdotal.

Em entrevista à Renascença, o antigo diretor do SNCS comentou a condecoração do Presidente da República, falou de Jornalismo e dos desafios que se colocam à Comunicação Social, recordou "o período admirável" da sua vida na Rádio Renascença, e elogiou a comunicação da Igreja.

Como se sentiu ao ser homenageado pelo Presidente da República?

Senti-me pequenino, insignificante. Talvez tenham visto em mim alguém que teve um percurso com alguma experiência e com muitos contactos. Isso talvez enriqueceu a minha existência e foi a partir daí que ele talvez quis ouvir e que eu também pude dizer.

E como é que surgiu essa ideia de enveredar por este caminho da comunicação social?

Já no seminário, fui chamado a alguns trabalhos de comunicação do próprio jornal que havia, do seminário, e que tive a responsabilidade de escrever e até depois de orientar.

Depois a partir daí as coisas foram acontecendo. Eu nunca procurei muito a comunicação. Talvez foi ela mais que me procurou, ou melhor, as circunstâncias concretas e as necessidades da Igreja que foram chamando por mim, que foram exigindo e que, às vezes sem me perceber, fui o respondente da melhor forma que era capaz e que pronto. E é este o meu pergunto muito simples, muito singelo.

E como é que vê a comunicação atual, geral e também da Igreja?

Eu começava pela comunicação da Igreja. Eu acho que se deram passos muito interessantes, muito importantes, em todas as áreas; na área imprensa, na área da rádio e mesmo da televisão. A Igreja, às vezes, tinha uma má fama de não saber comunicar, mas no fundo era a grande comunicadora que havia, mesmo no nosso país, na comunicação que havia em cada domingo, em cada homília, em cada celebração, nas comunicações que havia nas pequenas comunidades, nos pequenos grupos, e por isso a Igreja, mesmo sem ter, digamos, uma exposição gloriosa de ser comunicadora, era e é uma grande comunicadora e principal animadora pela comunicação de muitas atividades do nosso tempo e do nosso país.

E relativamente à comunicação geral?

É evidente que a comunicação geral, quando se diz geral, cabe lá tudo, portanto cabe desde o excelente até o medíocre e por isso nós temos publicações excelentes, temos outras que, sendo excelentes, têm também, a meio das suas páginas, mediocridades, banalidades, insignificâncias. E uma insignificância na comunicação deixa de ser insignificância porque é uma espécie de pertença de todos, porque os olhos e os ouvidos de todos vão lá ter e acabam por condicionar comportamentos e atitudes da própria sociedade e da comunidade. E por isso eu vejo a comunicação muito não apenas como um instrumento distante das realidades e das pessoas, mas um instrumento que interfere profundamente na vida de cada pessoa e de cada comunidade.

Como é que vê o jornalismo atual, as dificuldades que o jornalismo passa, como é que vê o futuro da profissão?

Vejo bem, não tenho dúvidas nem medos. Eu penso que o jornalismo também é uma realidade que evolui, que se adapta, que conhece, que vai também apontando novos caminhos, mas que vai seguindo caminhos que a própria história desenha e por isso também entre nós o jornalismo tem sido uma belíssima escola, mas também ele, o jornalismo, tem aprendido com a própria sociedade, com a própria comunidade que nós somos. Nós somos o que o jornalismo diz e o jornalismo diz o que nós somos, portanto há aqui uma interação, uma mútua, um abraço, eu diria, entre a comunidade e o jornalismo que são inseparáveis. Esse jornalismo pode ser de muitas formas, imprensa, rádio, televisão, novelas, pode ser agora através dos meios digitais que têm uma importância imensa e cada vez maior na nossa sociedade, mas são sempre um elemento essencial da evolução de um país e de uma comunidade.

Queria que partilhasse um pouco connosco, até porque está a falar para a Rádio Renascença, queria que partilhasse um pouco das memórias que tem do período em que trabalhou, que viveu, que conviveu na Rádio Renascença.

Foi um período admirável na minha vida. Digamos que a minha melhor criatividade, do ponto de vista jornalístico, foi exercida na Rádio Renascença, onde aprendi também muito. Eu vim de uma pequena estação de rádio e fui para lá, depois fui ganhando responsabilidades, e responsabilidades muito complexas, que depois se cruzaram com uma evolução que teve a nossa revolução, que depois também revolucionou muitas mentalidades, os estilos, as formas de estar, as formas de comunicar, e depois a mistura das ideologias com os ideários. Foi uma ação muito complexa e difícil também para mim, porque eu estava num lugar e numa situação onde apanhava esses fogos de várias direções e eu tentava gerir do melhor possível, umas vezes consegui, outras vezes reconheço que não era fácil e que não era um adivinho e que, portanto, não sabia desenhar tudo facilmente. Mas foi o melhor que eu soube e, digamos, mais do que isso, foi o melhor que teve o meu coração, que dei nessa rádio, na Rádio Renascença e, digamos, ao jornalismo que lá se fazia.

Muito obrigado.

Obrigado, eu também, por esta oportunidade de manifestar aqui, com o coração, quando eu falo, tanto que seja com o coração vivo, a todos aqueles que possam seguir-nos, escutar-nos e dizer que a nossa vida hoje tem aspetos muito belos, muito interessantes. Precisamos colher cada flor que vai passando por nós e que nós também vamos encontrando no nosso caminho.

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  • Germano Aguiar
    28 set, 2024 Póvoa varzim 16:44
    Gostaria de saber se o padre António Rego, trabalhou com Monsenhor Lopes da Cruz.

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