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Dia Mundial do Migrante e Refugiado

Serviço Jesuíta aos Refugiados. “Há um certo silêncio político que alimenta populismos”

29 set, 2024 - 08:00 • Henrique Cunha

No Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o Serviço Jesuíta aos Refugiados sugere objetividade no tratamento do tema e admite que “há um certo silêncio político que tem alimentado discursos populistas”. A Comissão Nacional Justiça e Paz pede que se rejeite “tudo o que seja hostilidade” aos imigrantes.

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Na sua mensagem para este dia do Migrante e do Refugiado o Papa Francisco lembra que “Deus Caminha com o seu Povo”. Foi a 03 de junho que o Papa Francisco apresentou o tema da mensagem para este dia que hoje se celebra. Um tema, que nas palavras do Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Pedro Vaz Patto “convida a que se percorra a estrada com esta população que vive uma dura realidade”. O responsável sustenta a ideia de que a mensagem de Francisco também nos “desafia a unir-nos com um coração generoso e hospitaleiro e a participar da sua condição migratória”. Pedro Vaz Patto lembra que o Papa Francisco “por várias vezes referiu que uma cultura saudável é uma cultura aberta e acolhedora”.

Em declarações à Renascença , o Presidente CNJP explica também o conteúdo da recente nota da Comissão sobre as migrações em que se sublinha que os migrantes representam “um bem para todos”. Pedro Vaz Patto diz que a nota da CNJP surgiu para combater a ideia crescente em Portugal de "uma certa hostilidade em relação aos imigrantes”. “Queremos sublinhar pelo contrário como a imigração legal, segura, ordenada deve ser vista não nesta perspetiva hostil, mas numa perspetiva positiva, no sentido em que ela pode representar um bem, quer para as sociedades de origem dos imigrantes, quer para as sociedades de destino dos imigrantes”, explica.

Para o Presidente da CNJP é também necessário combater a associação da insegurança e da criminalidade à imigração. Vaz Patto garante que “essa é uma ideia falaciosa, pois não é isso que revelam os estudos. Pelo contrário, o imigrante típico é até uma pessoa que tem uma particular propensão para o trabalho e para o apoio à família; o que é exatamente o contrário da propensão para a prática de crimes”. Nestas declarações à Renascença, o responsável lembra que “um princípio da doutrina social da Igreja é o de que os bens da terra devem servir a todos e não apenas a alguns”, para defender os fluxos migratórios.

Combater populismo evitando silencio politico e apresentando a análise da realidade

Também, o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) lembra a mensagem do Papa para este Dia Mundial do Migrante e Refugiado.

Em declarações à Renascença, Carmo Belford, Coordenadora do Gabinete Jurídico da JRS, fala também da necessidade de se combater alguns discursos populistas através “da análise da realidade”. “O primeiro passo a dar é falar deste tema com objetividade, através de factos estatísticos objetivamente comprováveis, que desconstruam a narrativa da associação, por exemplo, da imigração à criminalização, e também a ideia de que os imigrantes vêm para cá para roubar empregos, tudo isto não tem qualquer base factual, todos estes argumentos que são utilizados no discurso populista não têm qualquer base factual, e portanto, são fáceis, bastante fáceis de desconstruir”, afirma a Coordenadora jurídica da JRS.

A responsável chama também a atenção para “um certo silêncio político que tem alimentado este discurso populista”, e defende que “a procura de soluções, o trabalho com a sociedade civil, a atuação do Governo, ajudam a retirar da equação a frustração que leva a que as pessoas votem, ou que canalizem o seu voto para os partidos mais populistas, ou que se posicionam de uma forma ma8is radical quanto a este tema das migrações”.

Carmo Belford lembra que “ainda agora foi criada no nosso país, uma grande estrutura de missão; um centro de atendimento de grande escala para resolver os cerca de 400 mil processos de legalização pendentes”. “Nós sentimos que estão a ser dados passos no sentido de acompanhar estas pessoas, de devolver-lhes a dignidade que lhes tinha sido retirada durante o período em que não conseguiram que os seus processos de legalização avançassem. E esse é o tipo de resposta necessária para se combater com eficácia todos os discursos xenófobos e populista à volta do tema da imigração”, sustenta.

Nestas declarações à Renascença, Carmo Belford deixa um sublinhado especial à mensagem do Papa para o DMMR. A Coordenadora jurídica da JRS lembra “o paralelismo que o Papa faz entre o êxodo do povo de Israel e o próprio caminho que os católicos fazem rumo à Pátria Eterna”, para afirmar que “todos somos migrantes, no sentido em que todos rumamos a um destino”. Para Carmo Belford “isto implica duas coisas: por um lado ter a consciência de que é Deus que nos coloca no caminho daquelas pessoas mais vulneráveis. E por outro faz-nos ver Jesus Cristo na pessoa imigrante ou na pessoa refugiada que precisa da nossa ajuda”.

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