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Arcebispo de Manaus alerta que Igreja não pode esquecer realidade concreta onde vive

12 out, 2024 - 21:27 • Aura Miguel , Olímpia Mairos , com Lusa

Questionado sobre a possibilidade da admissão das mulheres ao ministério diaconal, tema que ficou de fora do "Instrumentum Laboris" (Instrumento do Trabalho), o cardeal D. Leonardo Ulrich Steiner admite que ainda há um longo caminho a percorrer.

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O arcebispo de Manaus, D. Leonardo Steiner, defendeu este sábado, em Fátima, que "a Igreja não pode esquecer a realidade concreta onde vive", nomeadamente a situação dos mais pobres.

Em conferência de imprensa a poucas horas do início das cerimónias da peregrinação internacional aniversária ao Santuário de Fátima, o prelado daquela diocese da Amazónia recorreu ao sínodo sobre a Amazónia, realizado em 2019, no Vaticano, para sublinhar os “sonhos do Papa Francisco”, sonhos “de um caminho a ser percorrido, sonhos que levam à ação”.

O prelado considera que o Sínodo dos Bispos, que decorre em Roma, vai ficar marcado pela “riqueza do caminho a ser percorrido”.

“Está a ficar cada vez mais claro que existe um caminho a ser feito. Existe esta sensibilidade de um modo de ser Igreja que tem muito a ver com sinodalidade”, afirma, admitindo que “entrar nesta dinâmica ou fazer com que a Igreja entre nessa dinâmica não é tão simples”.

“Nós, na Amazónia, temos uma caminhada de 50 anos”, lembra, esperando que o texto final do Sínodo traga “elementos que ajudem a todas as Igrejas do mundo a caminhar”.

“Talvez nós quiséssemos que algumas coisas caminhassem mais e há possibilidade de caminhar mais, mas uma Igreja que se coloca toda ela a caminho já é uma grande conquista”, realça.

Questionado sobre a possibilidade da admissão das mulheres ao ministério diaconal, tema que ficou de fora do "Instrumentum Laboris" (Instrumento do Trabalho), o cardeal D. Leonardo Ulrich Steiner admite que ainda há um longo caminho a percorrer.

“Nós estamos num momento assim muito difícil na Igreja, de tensão quanto a essas questões e sem um aprofundamento, não digo apenas teológico, mas especialmente histórico, patrístico para podermos realmente mostrar à igreja, a viabilidade. Existem compreensões muito diferentes da eclesialidade”, assinala.

O cardeal dá o exemplo da polémica que surgiu na Igreja a propósito das bênçãos de homossexuais.

“Nós abençoamos a água, nós abençoamos um carro... por que não podemos abençoar uma pessoa que se diz abertamente homossexual? E como não receber um filho e filha de Deus para que participe da vida da comunidade?”, questiona, concluindo que “estas questões estão muito tensas na igreja, mas não deveríamos deixar de discutir e refletir”.

A representação portuguesa na segunda sessão da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos é composta pelos presidente e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas e D. Virgílio Antunes, respetivamente, e pelo cardeal Américo Aguiar, por nomeação do Papa. Como “assistentes e colaboradores”, estarão nos trabalhos o padre Paulo Terroso, da arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa.

Outro português, o cardeal José Tolentino Mendonça, toma parte nesta reunião enquanto prefeito do Dicastério para a Cultura e para a Educação.

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