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Rejoice

D. Nuno Almeida: "É necessário rever as bases da Pastoral dos Jovens"

17 out, 2024 - 08:36

Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família diz à Renascença que o Rejoice do próximo fim de semana pretende ser "uma festa" e um sinal de "esperança", porque "a Pastoral Juvenil é uma realidade sinfónica" que precisa de anualmente congregar "as realidades da Pastoral Juvenil a nível nacional".

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"A Pastoral Juvenil é uma realidade muito sinfónica" que precisa de anualmente se congregar e procurar "caminhos em comum".

O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, D. Nuno Almeida, diz à Renascença que o Rejoice do próximo fim de semana visa congregar "as realidades da Pastoral Juvenil a nível nacional".

O também bispo de Bragança-Miranda acredita que o encontro previsto para o Parque das Nações, no próximo fim-de-semana, vai deixar boas indicações sobre a necessidade de "em cada ano podermos ter um encontro a nível nacional".

D. Nuno Almeida diz que "não foi fácil encontrar uma data comum” para o Rejoice e admite que, por isso, “pode ter havido alguma dificuldade de comunicação do evento”, mas assegura que o caminho foi traçado para que, com "alguma dose de humildade", se prossiga com o "ambiente festivo e belo da JMJ".

O prelado considera que "é preciso traduzir em decisões concretas a prioridade da Pastoral dos Jovens" e revela que "na próxima Assembleia da Conferência Episcopal, deve ser anunciado um Coordenador da Pastoral dos Jovens que ficará a tempo inteiro".

Por outro lado, o bispo de Bragança-Miranda considera ser necessário “rever as bases da Pastoral dos Jovens, criar um quadro de referência comum depois do sínodo sobre os jovens, e depois da grande experiência da Jornada Mundial da Juventude”.

"Fazia sentido ser o Patriarcado a acolher e a coordenar"

O que se pode esperar do Rejoice? Vamos ter todos os anos em Portugal uma espécie de JMJ de menor dimensão?

A intenção é fazermos desta primeira jornada nacional um dia de festa, de encontro, também de esperança e, portanto, tudo se perspetiva para que corra muito bem. Se estes dois dias correrem, de facto, com alegria, certamente também vão deixar essa mesma necessidade de dar continuidade, isto é, de em cada ano podermos ter um encontro que congrega as realidades da Pastoral Juvenil a nível nacional.

A Pastoral Juvenil é hoje uma realidade muito sinfónica, muito diversificada e, por isso, precisa de, ao menos anualmente, que estejamos congregados e procuremos caminhos em comum, porque temos uma missão comum de levar aos jovens a alegria do Evangelho e o próprio Jesus Cristo.

As dioceses estão preparadas para acolher a iniciativa? Já se sabe como é que vai ser esta rotatividade?

Ainda não está definida a forma, está apontado o caminho. A preparação deste encontro nacional foi muito interessante, porque foi Lisboa, o Patriarcado a coordenar e, no fundo, é o Patriarcado a acolher. Mas desde o início estiveram sempre presentes os departamentos de cada diocese, também os movimentos e o Departamento Nacional da Pastoral dos Jovens. Portanto, foi um caminho sinodal e esta experiência é também importante que permaneça, isto é, que aquilo que se decida seja sempre decidido a partir da escuta e de uma participação das realidades vivas da Pastoral dos Jovens.

Portanto, ainda não podemos dizer para o ano quem é que vai organizar o evento...

Isso vai ser definido porque também há alguma prudência no sentido de percebermos como é que corre esta primeira experiência. Neste ambiente festivo, certamente que surgirá o anúncio, assim que possível, da diocese que vai acolher o encontro do próximo ano.

"Tudo se perspetiva para que corra muito bem"

Falou do ambiente sinodal de preparação do evento, mas a forma como a iniciativa foi anunciada a todo o país não causou alguma surpresa? Inicialmente, tínhamos ficado com a impressão de que estávamos perante uma iniciativa do Patriarcado de Lisboa...

Bom, pode ter havido alguma dificuldade de comunicação porque não foi fácil encontrar uma data comum, tendo em conta a diversidade, tendo em conta aquilo que cada diocese e cada movimento também já tem previsto. Depois, esta é uma realidade que está a começar e, ainda por cima, depois de uma expectativa muito grande que se criou na Jornada Mundial da Juventude. Traduzir este ambiente festivo e belo da JMJ num outro evento, implica alguma dose de humildade, isto é, implica não termos receio de fazer agora um caminho mais simples, mais do dia-a-dia, mais de acordo também com aquilo que é a vida concreta das nossas dioceses.

Agora, desde o início que fazia sentido ser o Patriarcado a acolher e a coordenar, sempre também desde o início com a participação e o apoio, em todos os aspetos, do Departamento Nacional e das dioceses que são congregadas no Conselho Nacional da Pastoral dos Jovens. Isto foi sempre visto desde o início nas reuniões do Conselho Nacional da Pastoral Juvenil. Claro que, depoi,s houve também alguma necessidade de marcar a data. A data foi marcada e foi anunciada. O programa teve que ser construído e, ao ser construído, pode ter havido alguma informação oscilante, mas, felizmente, chegámos a bom porto e tudo se perspetiva para ser uma jornada muito, muito bela.

Referiu da importância que devemos dar e que a Igreja deve dar à juventude. O Departamento Nacional da Pastoral Juvenil não deveria ter alguém a tempo inteiro a trabalhar?

É uma boa pergunta porque, no pós-Jornada Mundial da Juventude, a Conferência Episcopal tem precisamente esta intenção e houve a tentativa de convocar e convidar alguém para que ficasse a tempo inteiro. O ano passado não foi possível e o coordenador não tinha possibilidade de deixar imediatamente o trabalho e todos os empenhos que tinha. Entretanto, chegámos à conclusão de que não era possível manter as circunstâncias. Portanto, por razões de saúde e de trabalho, de facto, o coordenador nacional não pode continuar e, na próxima Assembleia da Conferência Episcopal, temos a esperança de que seja anunciado um coordenador da Pastoral dos Jovens a tempo inteiro. E constituirá uma equipa, digamos, com voluntários, mas também, se necessário, com pessoas que ficam dedicadas a tempo inteiro à Pastoral dos Jovens. É necessário traduzir também em decisões concretas a prioridade para com a Pastoral dos Jovens.

"Temos uma missão comum de levar aos jovens a alegria do Evangelho e o próprio Jesus Cristo"

Já passou um ano da JMJ e é costume dizer-se que os verdadeiros efeitos de um evento como este apenas se fazem sentir cerca de 10 anos depois. Ainda assim, não se percebe uma certa letargia? Não é preocupante?

Bom, podemos fazer essa interpretação. Agora, as realidades diocesanas da Pastoral dos Jovens e também dos movimentos estão, de facto, numa dinâmica muito interessante.

É sempre possível fazer melhor, é sempre possível fazer as coisas com mais entusiasmo, mas a Jornada Mundial da Juventude impulsionou muito aquilo que é a vida dos jovens nas paróquias, nas dioceses, nos movimentos. Precisamos, sim, de criar uma dinâmica nacional que não substitua de maneira nenhuma as atividades e aquilo que é específico de cada organismo e também da igreja local, mas sim que acrescente. Isto é, que aponte. Por exemplo é necessário rever as bases da Pastoral dos Jovens, criar um quadro de referência comum, depois do sínodo, sobre os jovens, depois desta grande experiência da Jornada Mundial da Juventude.

Neste momento estamos já a fazer este trabalho com a participação de todos, incluindo também os bispos e, naturalmente, a Conferência Episcopal, mas sobretudo os departamentos da Pastoral dos Jovens. Está a ser feita já esta revisão deste quadro de referência da Pastoral dos Jovens para que aquilo que foi vivido e foi refletido tenha tradução na vida concreta dos jovens. Claro que é necessária também a formação e oferecer uma formação sobretudo para os animadores, para os responsáveis, missão que tem a ver com o Departamento Nacional. Para além da formação, é preciso também oferecer alguns materiais, não os impondo, mantendo sempre a diversidade, mas oferecer alguns materiais, alguns percursos formativos que sejam oficiais e de referência, sobretudo para os jovens que estão no ensino secundário, com 16, 17, 18 anos. É preciso pensar nesta passagem do Crisma à Pastoral dos Jovens, e também está a ser já elaborada esta proposta formativa. Portanto, há muito trabalho a fazer e as coisas estão a acontecer no ritmo possível neste momento.

Até para que, como já alguém disse, o Crisma não signifique uma espécie de óbito do caminho de fé de muitos jovens, não é?

Sim, de facto, ficamos sempre um pouco perplexos, e eu falo também como bispo diocesano e como bispo auxiliar, de presidir a tantas celebrações do Crisma. São milhares de pessoas que são crismadas e, depois, isso não significa o assumir a fé com maturidade na comunidade cristã e na sociedade. O Crisma, idealmente, deveria ser isso, mas a prática é muito diferente. Temos aqui um campo também exigente. Não podemos de maneira nenhuma esquecer e resignarmo-nos diante desta situação.

"As realidades diocesanas da Pastoral dos Jovens e também dos movimentos estão numa dinâmica muito interessante"

O ano de 2025 vai ser um ano muito particular, porque haverá, também, o Jubileu dos Jovens, em Roma. A iniciativa já está a ser preparada?

A intenção desta Jornada Nacional do Rejoice, para além de ser, digamos, uma invocação da JMJ, procura também perspetivar, lançar e convidar para o Jubileu dos Jovens, que vai acontecer em finais de julho e início de agosto. Também o Departamento Nacional tem coordenado essa preparação.

Ainda há pouco tempo estivemos em Roma, no Dicastério do Laicado e Família, que coordena a preparação do Jubileu dos Jovens. Esteve o padre Dinis, de Coimbra, e o padre André, de Leiria. Estiveram lá em nome do Departamento Nacional a colher informações, a criar também um canal de comunicação, para que possam fazer chegar - e estão a fazê-lo - aos jovens das dioceses e dos movimentos tudo aquilo que é necessário saber para poderem participar e preparar bem também este Jubileu.

Não sei se quer deixar alguma mensagem em particular aos jovens, até porque sem jovens o futuro da Igreja pode ficar hipotecado...

A nossa mensagem é a partir também da experiência de cada um de nós, e eu falo pela minha própria experiência, de que vale a pena abrir o coração a Jesus Cristo, ao seu Evangelho. Encontramos o sabor e o rumo para a nossa vida, e mesmo no meio das dificuldades, somos felizes ao seguir a Jesus Cristo. Portanto, é este o apelo aos jovens; que não tenham receio, mas pelo contrário, digam sim ao Evangelho e à esperança do Evangelho.

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