18 out, 2024 - 17:16 • Ângela Roque
Que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2024, em Lisboa, foi um marco na Igreja em Portugal ninguém tem dúvidas. Mas, mais de um ano depois, que mudanças se concretizaram na pastoral juvenil e no dia a dia das comunidades? “Ainda estamos a descobrir qual é o caminho”, diz à Renascença João Clemente. O responsável pelo Serviço de Juventude do Patriarcado de Lisboa lembra que a JMJ “foi uma experiência muito impactante e exigiu muito dos jovens, principalmente daqueles que foram voluntários e se envolveram nas paróquias”, e houve “necessidade de os jovens descansarem, acalmarem um bocadinho, para voltar às suas vidas e aos seus ritmos”. Mas, garante, isso já mudou.
“Este ano surgiram vários projetos e iniciativas, não para se fazer o que sempre se fez, mas a tentar perceber o que os jovens esperam da Igreja, o que os mobiliza, quais são as suas ansiedades e problemas. É um desafio, mas é muito animador! Os jovens pretendem ser protagonistas, estar envolvidos na construção da Igreja, isso é notório, não querem ficar na retaguarda. O que digo é que não temos um caminho fechado nem um mapa definido, mas estamos a caminhar”.
Para João Clemente um dos frutos da JMJ é já o REJOICE!, o Encontro Nacional de Jovens que decorre este sábado e domingo em Lisboa, organizado em conjunto com o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, e que no seu programa replica vários dos pontos altos da Jornada do ano passado. “É claro que depois da experiência que foi a JMJ, qualquer iniciativa ou proposta é sempre muito pequenina. Mas é isso que se pretende, que os principais momentos possam ser vividos agora a nível nacional - estamos a falar do Festival da Juventude, da Cidade da Alegria, da Vigila de Oração, dos Encontros Rise Up e da Missa de Envio”.
João Clemente. "A JMJ devolveu aos jovens católicos a cidadania"
Um dos objetivos do REJOICE! é “fazer memória agradecida” da JMJ, que na leitura de João Clemente deixou uma herança fundamental em Portugal: ajudou a desfazer preconceitos em relação aos jovens católicos. “A expressão não é minha, mas tenho-a ouvido em alguns fóruns, e faz todo o sentido: a JMJ devolveu aos jovens católicos a cidadania, hoje sentem que podem falar do facto de serem cristãos, na família, no meio universitário. Se nos últimos anos sentíamos que havia uma certa vergonha, depois da Jornada os jovens passaram a ter mais coragem de se afirmar como católicos e perceberam que na cidade, nos meios onde estão, isso é lhes reconhecido”.
No Patriarcado de Lisboa foi criada uma Escola de Acompanhadores, uma espécie de tutores, mas mais do que assistentes espirituais. “É quase um ministério do acompanhador. A ideia é passarmos de um paradigma de animadores de grupos de jovens, para acompanhadores, que acompanhem a pessoa no seu todo”, explica à Renascença a irmã Rita Ornelas, que integra o Serviço de Juventude do Patriarcado, que lançou a iniciativa em colaboração com a pastoral universitária e vocacional e a Escola de Leigos da diocese.
Leigos ou consagrados, os candidatos têm de ter entre 25 e 50 anos, para garantir que já têm “maturidade humana e espiritual”. São dois anos de formação, divididos em quatro semestres. As aulas tiveram início esta semana, com 50 inscritos. As formações presenciais são dadas na paróquia do Parque das Nações.
Irmã Rita Ornelas. "A Escola de Acompanhadores é rampa de lançamento para uma nova etapa da nossa Igreja"
“É muito bonito ver que isto foi uma proposta do Patriarcado, mas como não havia uma resposta em outras dioceses, nem a nível nacional, recebemos inscrições desde Braga - de um Mosteiro de Clausura, das Irmãs de Clarissas - a Lamego, Setúbal, Santarém, Évora, Portalegre-Castelo Branco, e também de outros movimentos”, conta a irmã Rita.
A ideia para uma Escola de Acompanhadores já existia pelo menos desde 2019, quando o Papa Francisco publicou a Exortação Apostólica ‘Cristo Vive’, a seguir ao Sínodo dos Jovens. Mas foi a experiência da JMJ fez nascer o projeto. “Acredito que esta Escola é um ponto de chegada, fruto da ornada e do que os jovens vinham a pedir, e ao mesmo tempo é um pontapé de saída, uma rampa de lançamento para uma nova etapa da nossa Igreja, que passa pela escuta e por caminharmos em conjunto”, sublinha Rita Ornelas.
Padre Filipe Dinis. "Nunca irei esquecer a JMJ”
A realização do REJOICE! prova que há uma dinâmica no trabalho dos jovens e para os jovens, apesar do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ) estar neste momento sem coordenador, devido a um contratempo de saúde. O bispo que tutela a área, D. Nuno Almeida, já disse à Renascença que espera uma substituição para breve.
Rejoice
Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Famí(...)
A liderança do DNPJ é interinamente do padre Filipe Dinis, que era o responsável pelo cargo aquando da JMJ Lisboa. Um experiência, diz, que o marcou para sempre. “Nunca mais irei esquecer, porque me permitiu ficar a conhecer muito bem a realidade dos jovens da nossa Igreja”. Garante que já há uma “nova dinâmica”, impulsionada pela Jornada - que “deixou marcas nas comunidades paroquiais por esse país fora, nas catequeses, no âmbito social e caritativo” - e também “pelo caminho sinodal" que se está a viver. E siblings: "é curioso lembrar que tudo começou com o Sínodo dos Jovens, em 2018, quando o Papa os convidou a fazerem uma experiência de sinodalidade”.
Sobre o REJOICE!, espera que seja “uma continuidade” da JMJ. “Queremos que haja frutos logo, mas isto necessita de um amadurecimento, mas acredito que tudo ao longo do tempo irá ganhando consistência”, e que a iniciativa “possa continuar, seja anualmente, seja de dois em dois anos. É a primeira experiência”.
O Patriarca de Lisboa disse à Renascença e à agência Ecclesia que o objetivo é que o REJOICE! passe a ser uma iniciativa anual, cada ano numa diocese, mas D. Nuno Almeida, que preside à Comissão Episcopal do Laicado e Família (com a tutela da pastoral juvenil), indicou que ainda não está definida a periodicidade nem o local para o próximo encontro.
O REJOICE! foi organizado em conjunto pelo Serviço de Juventude do Patriarcado de Lisboa e pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, da Conferência Episcopal Portuguesa, mas “é uma proposta aberta aos jovens do país inteiro”, lembra João Clemente, que confirma que “todas as dioceses estarão presentes”, incluindo as da Madeira e Açores
PASTORAL JUVENIL
Patriarca D. Rui Valério espera que o REJOICE!, qu(...)
O programa inclui momentos festivos – Festival da Canção Cristã e concertos - e uma Vigília de Oração, no sábado. Domingo haverá 15 catequeses que irão decorrer de forma descentralizada em Lisboa, com a paz como tema central, e uma Missa Final de envio, como nas JMJ
“É verdade que o Rejoice tem esta dinâmica da alegria, da esperança e da coragem, que o Papa nos tem pedido tanto, mas pareceu-nos importante que nos encontros Rise Up (catequeses), a temática fosse a questão da paz, como é que os jovens podem ser construtores e missionários da paz, e não viverem numa bolha de indiferença em relação àquilo que acontece neste momento no mundo”, sublinha João Clemente.
Para além do Patriarca de Lisboa, e dos seus bispos auxiliares, participam no REJOICE! também os bispos de Beja, Algarve, e Bragança Miranda. Está igualmente confirmada a presença do Núncio Apostólico em Lisboa, D. Ivo Scapolo, na Vigília de Sábado à noite e na Missa de encerramento, domingo, às 14 horas.
Vasco Gonçalves.“Não podemos ter uma Pastoral da Juventude de Sexta Feira Santa”
A realidade da Pastoral Juvenil difere de diocese para diocese, desde logo pelas escolhas dos responsáveis para os respetivos departamentos. Em Lisboa e Setúbal estão jovens leigos – no Patriarcado é João Clemente que está a tempo inteiro na função, em Setúbal é Vasco Gonçalves. À Renascença diz que a JMJ provocou uma “mudança de paradigma” no trabalho com os jovens, de que o ‘REJOICE!’ é já fruto direto, equilibrando momentos de festa com momentos de espiritualidade e oração.
“Hoje já não podemos chegar aos jovens da mesma maneira que chegávamos há 10, 15 ou 20 anos. Há novos meios de comunicar, e a Igreja tem de se adaptar. Nesse sentido, o ‘REJOICE!’ acaba por ser já um fruto dessa mudança. No fundo é não sermos uma Pastoral da Juventude de Sexta Feira Santa, às vezes muito triste, mas sermos uma Pastoral da Juventude alegre e missionária”, refere.
A diocese sadina - liderada pelo bispo que coordenou a JMJ, o cardeal D. Américo Aguiar –, delineou um plano para três anos para a Pastoral Juvenil. Entre as medidas a implementar está a criação de um Conselho Diocesano da Juventude, que reúna todos os que estiverem ligados a esta área nas paróquias ou movimentos da diocese. “Vai facilitar, porque até agora cada um tinha o seu calendário, era tudo meio disperso. O objetivo é que, de uma forma sinodal, se possam sentar todos à mesa e contribuir com ideias. Cá estaremos para responder aos desafios que nos lancem”.
Outro projeto é o da “Casa da Juventude, um espaço que o nosso Bispo atribuiu ao Departamento da Juventude. Fica na Quinta do Álamo, no Seixal, numa quinta que já pertence à diocese. Esteve lá uma congregação, que entretanto saiu. Tem de ser recuperada, mas queremos que seja um espaço de encontro e partilha entre crentes e não-crentes, onde os jovens possam pôr os seus dons a render, a nível artístico, musical ou desportivo, porque é um espaço que permite toda essa diversidade”, conta. A casa será inaugurada “em 2025, nos 50 anos da diocese”, e já decidiram que terá o nome do Beato Carlo Acutis, porque “é um dos padroeiros da juventude”.
Padre Nelson Faria. “Este é um tempo de sementeira”
O padre Nelson Faria é o novo responsável pela Pastoral Juvenil e Universitária dos Jesuítas, que participaram de uma forma muito ativa na preparação da JMJ, nomeadamente na realização da Via Sacra, que aliou fé e arte. À Renascença diz que a Jornada Mundial da Juventude “revolucionou a forma como vemos e vivemos a Igreja em Portugal”.
“É verdade que há diferenças, sensibilidades distintas, mas a maior beleza de todas é que podemos conviver e trabalhar juntos, não como se fôssemos sócios de uma empresa, shareholders ou acionistas, mas como pessoas movidas pela mesma paixão. Acho que este é o grande fruto da JMJ”.
Destaca ainda o aparecimento de grupos de jovens em paróquias onde não havia - dá como exemplo a paróquia da Covilhã, na Guarda, e as de Amares e Terras de Bouro, da Arquidiocese de Braga -, e a herança da partilha e colaboração que ficou da Jornada, com um estreitar de relações entre os vários movimentos que existem na Igreja, que também se sente nos centros universitários dos Jesuítas. “Pessoas de outras sensibilidades são convidadas a estar cada vez mais presentes na nossa vida, com conferências, ou com outros padres a presidir a missas. Isso tem dado frutos extraordinários! Este ano tenho estado na abertura de todos os nossos centros e em todos eles apareceram pessoas completamente diferentes e novas”, refere.
“Acho as grandes marcas da JMJ são o maior sentido de corpo da Igreja, uma aproximação entre movimentos e a realidade paroquial, e o grau de compromisso e liderança que a juventude está a começar a assumir. Mas, sempre na lógica do fruto, que aparece de maneira discreta”. Deixa, no entanto, um alerta: não deve haver pressa em ver resultados da Jornada. “O nosso tempo é marcado pela lógica do produto: fazemos alguma coisa, temos um produto e temos algum resultado. E a lógica do Evangelho é muito mais a do fruto. Atualmente estamos a viver um momento grão de mostarda. É um momento de sementeira, em que mesmo assim é possível ver alguns frutos. Mas é importante não estarmos muito preocupados com os resultados, mas em dar valor e saber cuidar destes pequenos frutos”.
Luis Mota Correia. "Os jovens têm muita vontade de pôr as mãos na massa, ser parte da Igreja e servir"
Luis Mota Correia, das Equipas de Jovens de Nossa Senhora, diz que o maior impacto que a JMJ teve neste movimento foi ao nível da participação, com um aumento de 50 por cento nas inscrições logo a seguir à Jornada Mundial da Juventude. “Temos tido um crescimento ao longo dos últimos anos, mas depois da JMJ houve mais procura do que seria normal, e também de pessoas mais velhas. Somos um movimento para jovens a partir dos 16 anos - em Évora ou Santarém, até começamos aos 14 -, mas curiosamente no pós-Jornada houve também universitários a ter interesse em aprofundar a sua fé através das Equipas”.
Mesmo o Faith’s Night Night, que é uma atividade aberta a todos, teve mais procura. “Na edição deste ano em Lisboa contámos com uma casa cheia, no Centro de Congressos de Lisboa. Possivelmente isso também foi um fruto da Jornada”.
Nas EJNS já “todas as responsabilidades são dos jovens. Temos depois casais e padres assistentes, mas é fundamentalmente de jovens para jovens e faz-se acontecer coisas muito bonitas, fruto do serviço”. Luis, que foi voluntário central na JMJ, através das EJNS, garante que os jovens têm “muita vontade de pôr as mãos na massa, ser parte da Igreja e servir. Muitas vezes temos a fama de estar adormecidos e de sermos uma geração um bocadinho preguiçosa, mas eu acho que às vezes também falta sermos espicaçados. Mas, isso está a acontecer cada vez mais”.
As Equipas serviram na JMJ e vão estar também no REJOICE!. “Vamos estar presentes na Cidade da Alegria, na Feira dos Movimentos, que vai mostrar as várias realidades da Igreja. Um grupo de voluntários a organizar as catequeses no Domingo”.
Catarina Cavaco. "Gosto muito de pensar que a JMJ foi uma semente que foi deixada"
Nos Salesianos também já houve mudanças. Os jovens passaram a fazer parte de todas as equipas pastorais. “Cada casa, quer dos salesianos, quer das salesianas, tem uma equipa pastoral, que é feita normalmente por leigos e tem sempre uma salesiana ou salesiano com coordenador, mas poucos jovens, e todos os encontros que fazíamos eram muito preparados por estas equipas. O que começámos a fazer é que todas as equipas têm praticamente só jovens e viu-se essa transformação neste ano que passou, onde tomámos essa iniciativa”, explica à Renascença Catarina Cavaco, do Movimento Juvenil Salesiano.
“O que começámos a fazer ao nível de Pastoral Juvenil foi envolver mais os jovens. E percebeu-se muito que, para além de quererem participar e dar uma opinião, os jovens querem realmente fazer a mudança, e isso foi muito cultivado através da JMJ”.
Só dos Salesianos vieram à JMJ Lisboa mais de oito mil jovens de todo o mundo. “Foi uma grande festa”, recorda. Os jovens foram acolhidos em várias casas da congregação, e a 2 de agosto, extra Jornada, fizeram uma mini-vigília no Estoril. “Aquele silêncio, estávamos ali todos para o mesmo”.
Também para Catarina a JMJ foi “um marco na realidade espiritual da Igreja. Gosto muito de pensar que a Jornada foi uma semente que foi deixada, mas que é preciso ser cultivada, ou não dará frutos. O que vimos é que os jovens querem uma relação profunda com Jesus. Não procuram propostas superficiais, mas sim algo que lhes faça sentido”.
A inclusão e a sustentabilidade foram áreas centrais na atuação do Gabinete de Diálogo e Proximidade da Jornada Mundial da Juventude, liderado por Carmo Diniz. À Renascença conta que da experiência dos voluntários com deficiência auditiva que colaboraram na JMJ, resultou a recente criação da Comunidade de Surdos Católicos, no âmbito do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, de que é também responsável.
“É um fruto direto desse trabalho na Jornada, em que tivemos dois voluntários, a Ana Cristina e o Rui Pardal - o Rui é surdo profundo, e a Ana Cristina tem um implante coclear -, e foi no decurso do trabalho que fizeram que nos apercebemos da importância da promoção desta comunidade”.
Apesar de já haver algum trabalho em Braga, nos Açores e no Santuário de Fátima, “há muito ainda por fazer”, sublinha. Este foi um pequeno passo para ajudar esta comunidade.
Carmo Diniz. "Gostava que se tivesse ido mais longe na sustentabilidade"
“Há poucos surdos católicos no mundo inteiro, e não é diferente em Portugal. É uma comunidade desprotegida, no sentido em que a Igreja não está preparada para comunicar com surdos. Não existem em Portugal padres surdos, a confissão torna-se bastante complicada. Também não existem catequistas surdos”, por isso a sua catequização está sempre dependente de “catequistas e familiares com fé e que sejam capazes de falar em língua gestual”.
Ana Cristina e Rui Pardal foram convidados a criar esta comunidade, e a primeira ação em que participaram foi na recente Peregrinação Europeia de Surdos. “Reuniu 400 surdos do mundo inteiro em Fátima, com o apoio do Santuário e da Federação Europeia das Associações de Surdos Católicos, que organizou”. O evento, que teve a presença de 15 nacionalidades, exigiu uma logística complicada. “Houve 40 intérpretes, porque existe também o gesto internacional, uma série de necessidades, mas foi uma peregrinação com muito sucesso e que recebeu, na missa final, uma mensagem do Papa Francisco, a sublinhar que não é pelos ouvidos que se sente a fé, mas sim com o coração”.
Já ao nível da sustentabilidade, Carmo Diniz reconhece que da experiência da JMJ “ficou, desejavelmente, uma clara sensibilização da Igreja, a todos os níveis, para o tema de preocupação com a nossa Casa Comum”, mas gostava que já se tivesse ido mais longe, em termos de medidas. ”Ainda estamos a tempo de haver um fruto concreto ao nível da hierarquia da Igreja, que é a criação de estruturas que se preocupem com a Ecologia Integral, da mesma forma que existem outros serviços pastorais. Gostava de poder dizer que esse é um fruto. E se calhar será , em breve. Espero que sim”.
Como “fruto pessoal” da Jornada, e do trabalho que desenvolveram nesta área, destaca o ter decidido fazer o Doutoramento em Ecologia Integral na Universidade Católica, que teve início há poucos dias.