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D. Rui Valério: "Para os jovens não há banalização do mal. Há sensibilidade"

20 out, 2024 - 19:16 • Ângela Roque , Ana Catarina André

Patriarca de Lisboa ficou tocado com os testemunhos que ouviu no REJOICE!, e não menos com a reação de quem os escutou. “A juventude não se rendeu ao materialismo”, afirmou aos jornalistas no final do encontro. E alertou para as guerras que estão a destruir “a memória da humanidade”.

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"Humanidade está desejosa e ansiosa de pôr termo à guerra", diz D. Rui Valério
"Humanidade está desejosa e ansiosa de pôr termo à guerra", diz D. Rui Valério. Foto: Lara Castro/RR

“Os jovens manifestaram aqui grande sensibilidade para a dimensão espiritual”. Em declarações aos jornalistas, no final da missa que encerrou o REJOICE!, D. Rui Valério disse que ficou surpreendido, pela positiva, com os participantes no Encontro Nacional de Jovens, sobretudo depois de na vigília da última noite, e em algumas catequeses de domingo de manhã, terem ouvido testemunhos de outros jovens que passaram por situações de guerra e violência.

“De repente deparamo-nos com uma juventude que não se rendeu ao materialismo, pelo contrário. Sempre que há uma referência a uma situação de guerra, há muita sensibilidade”. E acrescentou: “era bom que as nações - e estou a falar numa dimensão global - escutassem mais os jovens, porque eles são o principal barómetro para compreender o rumo que a humanidade quer assumir”.

“A humanidade está desejosa de por termo à guerra, incrementar a paz, a justiça, e a promoção dos direitos humanos e do respeito pela sua dignidade. E eu vejo isso aqui nos nossos jovens”, afirmou.

Questionado sobre que formação tem a Igreja de dar os jovens para que se tornem promotores de paz, D. Rui Valério afirma que a Educação para a Cidadania devia passar, “antes de mais, pela disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica. E, por outro lado, também a catequese é um lugar por excelência para essa formação”.

Guerra está “a aniquilar a memória da humanidade”

Nestas declarações aos jornalistas, D. Rui Valério defendeu que a paz também se constrói cuidando da cultura, e deixou um alerta: “os mísseis que estão a cair estão a dizimar vidas e a destruir a história”, e a capacidade tecnológica faz hoje com que “cada guerra esteja a ser a aniquilação da memória da humanidade”.

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"Quando se sufoca a memória estamos a comprometer a esperança e o futuro"

“A tecnologia adaptada hoje ao mundo bélico tem essa capacidade, e isso é dramático, porque nos tira o passado, mas sobretudo porque há aqui uma aliança entre memória e esperança. Se estamos a sufocar a memória dos povos – como em Belém, e na Faixa de Gaza, o que está ali a acontecer... tão evidente que era para nós aquele território. Ora, quando se sufoca a memória estamos a comprometer a esperança e o futuro.”

Mudança “começa primeiro em cada um”

Na homília da missa de envio que encerrou o REJOICE!, e que se realizou debaixo da pala do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, o patriarca de Lisboa pediu que se mudem os critérios e os padrões de vida, sublinhando que a mudança começa primeiro em cada um.

“A pergunta ‘onde é que devemos começar esta epopeia da transformação, da mudança que queremos no mundo?’ É em nós. É no nosso coração. É transformar, para já os nossos critérios, os nossos padrões de vida, tantas vezes mundanizada. É transformar os nossos sentimentos, os impulsos e instintos. Por isso, antes de ser a cidade, a sociedade, a minha diocese, o meu distrito, o meu território ou escola, o primeiro campo de evangelização para a mudança acontece dentro de mim”.

D. Rui Valério pediu, ainda, aos jovens para colocarem de parte o egoísmo, o orgulho, a prepotência, a superficialidade e a violência, “e aí Cristo acontece. E porque Ele acontece, acontece o meu irmão”.

De acordo com a organização do REJOICE!, estiveram presentes nos dois dias do Encontro Nacional de Jovens cerca de cinco mil participantes de todas as dioceses do país, quatro mil na missa deste domingo.

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