Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

entrevista Renascença/Ecclesia

"O Estado não conhece a pobreza em Portugal"

17 nov, 2024 - 09:00 • Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Agência Ecclesia)

No VIII Dia Mundial dos Pobres, a presidente da Cáritas Portuguesa é a convidada da entrevista Renascença/Ecclesia. Rita Valadas assume que a luta contra a pobreza não está a ser ganha: "Não vamos maquilhar a realidade: nós estamos com grandes problemas sociais."

A+ / A-

A presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas, afirma em entrevista à Renascença e à Agência Ecclesia que "a solução para as situações de pobreza em Portugal" não está no poder central.

Neste domingo em que se assinala o VIII Dia Mundial dos Pobres, a responsável da Cáritas diz que a "esperança na resolução dos problemas está na proximidade", porque "quem conhece a pobreza em Portugal é quem está próximo".

Para Rita Valadas, o facto de os municípios terem agora mais competências no plano do apoio social poderá constituir um ganho no combate à pobreza: "A situação dos pobres está bastante mais próxima porque muitas coisas saíram do Estado para os municípios."

“Eu acredito na proximidade, é por isso que eu acredito na ação da Cáritas. Portanto, acredito que os municípios também poderão e terão obrigações de fazer mais porque a pobreza não é igual em todos os territórios”, sublinha.

A responsável entende que a “a resiliência da pobreza é forte obstáculo à resolução dos seus problemas”.

"Não temos conseguido resolver o problema da pobreza", assume.

"Não vamos maquilhar a realidade: nós estamos com grandes problemas sociais"

Nesta entrevista, a presidente da Cáritas Portuguesa alerta ainda para o risco de os números poderem criar ilusão de que há evolução, mas o quadro real não é esse. "Temos acrescentado novos pobres, novas situações", garante.

“As pessoas têm hoje mais preocupação em ser consequentes com a ação que fazem. Querem sentir que estão a fazer alguma coisa para mudar”, adianta Rita Valadas, deixando, nesse sentido, outro alerta para o risco de se "perder a vontade solidária".

"As pessoas começam a ficar exaustas de tanto problema social sucessivo", argumenta.

Sobre a crise na habitação, Rita Valadas denuncia “a sobrelotação escondida” - “como é que nós conseguimos pensar em duas famílias a viver no mesmo quarto?”, questiona - e critica aqueles que têm como solução para resolver o problema dos sem abrigo "empurrá-los de um sítio para o outro”.

Neste VIII Dia Mundial dos Pobres, a Cáritas Portuguesa lança também a campanha "10 milhões de estrelas - um gesto pela paz". Rita Valadas diz tratar-se de “uma campanha de chamada de atenção”, porque a Cáritas em Portugal precisa de “apoios de quem está mais próximo para resolver as situações”.

"Não temos conseguido resolver o problema da pobreza"

No início do ano, um estudo da Cáritas alertava para o facto de as estatísticas oficiais subestimarem a pobreza e a exclusão em Portugal. Falava, até, que, em muitas dimensões, a situação se tinha agravado. Acentuaram-se os motivos de preocupação?

A preocupação é um facto. Nós tínhamos o propósito de fazer um conjunto de estudos sobre a pobreza e acompanhar essa situação, na perspetiva dos indicadores que normalmente não são lidos. A sensibilidade que tínhamos em relação ao que se estava a passar e às estatísticas nacionais era a de que faltava clareza. Sobretudo, as estatísticas não tinham uma leitura muito próxima da realidade. Por isso assumimos fazer anualmente o acompanhamento desses valores para além daqueles tradicionais.

Na ocasião, a Cáritas falava de cerca de 500 mil pessoas que viviam em privação material e social severas e denunciava também o aumento do número de trabalhadores pobres. Este quadro teve alguma alteração? As instituições dizem que há mais pessoas carenciadas, por exemplo, em lista de espera para ajuda alimentar...

Essa é a sensação que muitos têm e é também aquilo que nós conseguimos ler dos dados. Uma coisa é dizer se as pessoas estão abaixo ou acima do nível da pobreza, mas há muitos níveis de pobreza. Abaixo de um determinado nível de pobreza, temos uma leitura muito irregular e essa foi a preocupação da Cáritas.

Não dá para dividir e tratar em dois grupos?

Mesmo os que estão na mesma condição financeira, não estão na mesma situação, porque uma coisa é viver em Lisboa, outra coisa é viver na aldeia. Uma coisa é ter uma horta e a outra coisa é viver num prédio. Portanto, a leitura da realidade não se consegue senão perto, não há dúvida nenhuma.

É muito importante termos os estudos e as estatísticas, mas temos de retirar muito do que existe nos estudos e na estatística. Também é importante olhar para a realidade. Quando os números nos dizem que temos menos pobres e, depois, de repente, olhamos à nossa volta e não vemos nenhuma mudança... São as mesmas pessoas que estão naquela situação, mais uns estrangeiros que vão chegando... Realmente, isso deixa-nos um bocadinho sem saber para onde ir. Temos de saber resolver esta situação e, na verdade, não temos conseguido resolver o problema da pobreza. Temos acrescentado novos pobres, novas situações.

"Quem conhece a pobreza em Portugal é quem está próximo"

Mas são os próprios números que nos dizem que há mais pobres, porque, em 2023, havia mais de 20 mil em Portugal do que no ano de 2022... Como é que se explica esta aparente ineficácia das estratégias de combate à pobreza e dos programas para pessoas em situação de sem-abrigo?

Bem, isso é a pergunta de um milhão de dólares, porque não sabemos. Senão, certamente, já estaríamos todos a trabalhar nessa situação. O que sabemos é que a resiliência da pobreza é um forte obstáculo à resolução dos seus problemas.

A pobreza não é uma só e, portanto, vamos conseguindo resolver algumas situações, E também não conseguimos agir com base na leitura que fazemos, porque a leitura é uma leitura de números e não é de pessoas. Nós temos de olhar para as situações reais das pessoas e tentar encontrar soluções. E, ainda que cheguemos a menos pessoas, temos de tentar resolver o problema da forma mais eficiente possível. Temos, entretanto, fenómenos que não têm facilitado esta alteração, mas é importante perceber se o número estabilizado de pobres tem a ver com diferentes situações ou se tem a ver com situações novas.

Sabemos que temos mais estrangeiros, sabemos que temos pessoas que não conseguem sair da pobreza e essas situações, que são aquelas que nós acompanhamos mais diretamente, vamos tentando resolver a partir do diagnóstico social que é feito. Mas há muita gente que não conhecemos e que pertence aos números. Por exemplo, o número de pessoas sem-abrigo aumenta, o número de alojamentos precários de pessoas nas cidades, na rua, aumenta e é isso que tem de nos convocar. Mas tem de se ler muito de perto, não pode ser pela estatística.

Referiu o impacto da crise na habitação, assunto que tem merecido a atenção da Cáritas Portuguesa. Na entrevista Renascença/Ecclesia da última semana, foi-nos chamada a atenção para uma situação muito específica, que é a das famílias desalojadas que têm crianças a serem encaminhadas para centros de acolhimento. Tem ideia deste tipo de situação e do que elas podem significar?

Durante muito tempo, e até há muito pouco tempo, não tínhamos uma grande preocupação com as crianças e isso é que é assustador. Há muitas famílias nesta situação, há muitas famílias a viverem situações verdadeiramente precárias e nos grandes centros pior ainda do que nas periferias.

"Eu acredito na proximidade, é por isso que eu acredito na ação da Cáritas"

Se já é difícil pensar que existem 10 pessoas a viver num quarto, como é que conseguimos pensar em duas famílias viver no mesmo quarto? Por isso, digo que não é só um número, é a tipologia que se junta a este número. É incrível, porque uma coisa é viver um conjunto de homens e juntarem-se num quarto onde dormem e só pernoitam lá, outra coisa é as pessoas precisarem de uma casa para viver, onde vão educar os seus filhos, onde recebem os seus pais. Isso é uma verdadeira evidência de que o fenómeno se está a complexificar e que nós temos de fazer alguma coisa.

Esta situação de famílias desalojadas a ver-se separadas das crianças é uma perceção que Cáritas tem ou tem vindo a conhecer?

Não temos essa situação estudada e acho que nós sempre temos de ter alguma atenção à forma como dizemos as coisas. Durante muito tempo, não nos incomodamos com as crianças que estavam sem-abrigo na rua, porque andavam com os pais e, portanto, como andavam com os pais a situação era mais fácil de agarrar: agarrávamos a situação pelas crianças e tentávamos encontrar soluções para a vida dos pais. Arranjando soluções para a vida dos pais, arranjávamos soluções para as vidas dos filhos.

Com esta situação da habitação, com a habitação encarecida como está, há cada vez mais gente em situação de fragilidade. E, por vezes, encontramos pessoas a viverem em situação de sobreocupação, escondidas, casos que nem são óbvios porque essas pessoas vivem da porta para dentro e têm medo de serem descobertas. Nem sequer fazem vida social, não mostram as crianças porque têm medo que lhas tirem, não deixam as crianças pedirem na rua porque têm medo de ficarem sem elas. Há aqui um conjunto de medos que se junta ao problema. É um problema de falta de habitação, mas ter falta de habitação com medo deve ser uma coisa terrível, não é? E é uma coisa que, realmente, nos convoca a pensar.

"Ainda que cheguemos a menos pessoas, temos de tentar resolver o problema da forma mais eficiente possível"

Neste oitavo Dia Mundial dos Pobres, recordo que, em vários textos, em vários discursos, o Papa tem falado de uma sociedade com cada vez maior aversão aos pobres. Este fenómeno em que há uma espécie de barreira que vai sendo criada entre a população em geral e os mais pobres, os mais necessitados, é algo que se começa a sentir no país?

Depende da forma como se mede. Eu não acredito nisso como atitude absoluta. Acho que há algumas questões que afastam uns dos outros. Por exemplo, ontem falávamos de um prédio em que o prédio era normal e era estável e, agora, neste momento, vários andares estão sobreocupado, cada um deles com pessoas que fecham a porta à passagem só para ninguém perceber quantas pessoas lá estão dentro. Portanto, há aqui uma aversão que é de medo.

Há uma tensão...

Pois, exatamente. É uma tensão que temos de prevenir antes que degenere noutras coisas, porque não é só a tensão, é o que a tensão nos pode trazer. Entre o medo e a agressão…

Muitas destas intervenções do Papa, talvez para o contexto português não sejam tão evidentes, mas têm a ver muito, por exemplo, com a organização da urbe. Ele fala muitas vezes nisto em Roma, como se mais pobres na rua fosse algo que a cidade tivesse de limpar, para ter outro tipo de imagem. E percebe-se esta preocupação que vai um bocadinho em contramão com aquela que é a mais genuína preocupação do Papa: promover uma cultura do encontro e não do descarte...

Pois, exatamente. E é também a cultura da Cáritas. Nós vamos à procura dos problemas, não lhes fugimos. Portanto, o que nós queremos mesmo é conhecer para cuidar, não é conhecer para agredir.

Mas eu percebo que a fronteira entre a atitude mais certa é muito difícil. Quando vemos que, por exemplo, numa grande cidade se encontra como solução para resolver o problema dos sem-abrigo empurrá-los de um sítio para o outro, eu pergunto: como é que resolvemos o problema? Empurrando-os de um lado para o outro certamente que não. As pessoas é que se sentem esgotadas entre quererem dar o olhar de uma urbe muito saudável e muito bonita e a situação das pessoas que estão visivelmente em situação de precariedade.

"As pessoas começam a ficar exaustas de tanto problema social sucessivo"

Podemos relacionar os recentes acontecimentos em alguns bairros de Lisboa com um aumento das situações da exclusão ou tratou-se de um fenómeno localizado e associado apenas à insegurança?

Não tenho a certeza da resposta a essa pergunta e nem sei se alguém poderá ter. E até temo que os "achismos" sejam mais provocadores de agressão do que as verdades. Aquilo que posso dizer é que há um grande desconforto nessas zonas e que tem, de certeza, dois polos. Um polo das pessoas que, vivendo em situação de alguma precariedade, viveram sempre naqueles bairros e sentem-nos como seus e o polo das pessoas que chegam, vistas como pessoas que veem agredir e os os querem retirar dali.

Uma coisa é a violência da segurança, que normalmente não se resolve com soluções de segurança. Outra coisa é as pessoas sentirem-se acossadas no seu próprio sítio: “A minha casinha é muito humilde, mas é minha. Este é o sítio onde eu posso morar. Este é o sítio onde eu me sinto segura.” Porque as outras pessoas não sentem medo de morar naquele bairro. E as instituições também não tiveram medo nunca de ir trabalhar para esses bairros. O que acontece é que, se começa a haver situações de violência, deixa de ser possível cuidar com segurança. E isso é o que me preocupa mais.

Os movimentos são muitos. Entre aqueles que são oportunistas, porque têm droga para circular, porque têm coisas para esconder, e, portanto, convém fechar o máximo possível os bairros, e as pessoas que sempre lá viveram e sentem aquele bairro como seu, embora sejam pessoas com grandes fragilidades financeiras ou sociais.

"Abaixo de um determinado nível de pobreza, temos uma leitura muito irregular"

Olhando, agora, para a ideia de uma crise de solidariedade que possa existir e também para o impacto da crise económica que se tem prolongado no tempo, pergunto-lhe que relatos têm, nomeadamente a nível diocesano, de dificuldades em fazer face às solicitações e em responder a quem pede?

As pessoas começam a ficar exaustas de tanto problema social sucessivo. Mas também procuram outras soluções. Neste momento, há a grande preocupação de que a forma como as pessoas fazem apoio social seja segura e consequente. E a isso temos de responder naturalmente.

Não podemos, de maneira nenhuma, correr o risco de perder esta vontade solidária porque não temos soluções. E é por isso que, muitas vezes, chamamos a atenção para as pessoas se solidarizarem com aquilo que conhecem, que é mais próximo e que pode surtir efeito. Não vamos maquilhar a realidade: nós estamos com grandes problemas sociais. E isso vê-se na proximidade. Na verdade, as pessoas têm hoje mais preocupação em ser consequentes com a ação do que, meramente, darem qualquer coisa para limpar a alma. Já não é só limpar a alma, é limpar a alma, mas sentir que estão a fazer alguma coisa para mudar.

O Instituto de Segurança Social decidiu avançar com o cartão social que poderá ser usado em 400 estabelecimentos. A Cáritas foi convidada para aderir ao programa. Sabe como vai funcionar?

Nós participamos em várias fases, porque já tínhamos isso. Nós já tínhamos um cartão há muito tempo e, portanto, fomos naturalmente chamados a pronunciar-nos sobre a forma como funciona, sobre como fazemos. Foi-nos pedido que colaborássemos com as medidas que ainda não estão no terreno e que resolvem vários outros problemas que, se calhar, não são tão evidentes. O Programa Alimentar do Estado tem regras de contratação pública que são extraordinariamente difíceis e que até estão, neste momento, a criar dificuldades a quem gere. Se demora tempo a ser possível fazer um concurso para adquirir peixe, depois o peixe vem todo ao mesmo tempo. Como é que se faz a distribuição do peixe? E o próprio Estado percebeu que era importante ser consequente com as necessidades. Não podemos ter peixe fresco e não ter sítio para o manter. Portanto, quando começaram a ver as iniciativas que havia, nomeadamente a da Cáritas, utilizando cartões e os resultados que tínhamos de segurança, de acompanhamento das famílias, etc., perguntaram-nos e nós colaboramos nesse sistema. O programa é um programa europeu, portanto, também tem regras europeias.

"Temo que os ‘achismos’ sejam mais provocadores de agressão do que as verdades"

Podemos perder-nos na burocracia?

Se calhar, é melhor perder-nos algum bocadinho na burocracia e não nos perdermos em peixe podre. Eu acho que nós temos de ser muito sensatos em olhar para isto.

Já toda a gente trabalha com cartões. Nós temos de cuidar de quem não trabalha com cartões e tem de ter soluções. Não podemos criar uma decisão definitiva sem cuidar daqueles que ainda não estão nessa onda e não vão conseguir estar. E esses são os mais pobres dos pobres, certamente.

Mas, por outro lado, há muitos a quem será menos agressivo comprar com um cartão e poder comprar um leite sem lactose para uma criança que tem problemas de alergias do que receber cinco litros de leite e a criança não o poder beber ou ficar doente. Aquilo que conseguimos com este sistema será certamente mais útil para as pessoas e para as famílias com um acompanhamento muito, muito próximo para que não haja desvios em relação àquilo que se pretende: que as pessoas tenham uma vida mais digna, com uma alimentação mais saudável.

Em plena discussão do Orçamento do Estado, não estranha o muito reduzido debate à volta da questão dos pobres?

É uma questão que está em cima da mesa e não está nada decidido, não está nada definido. Acho que não há discussão em relação à situação dos pobres. Não é discutível, é evidente: nós sabemos onde estão, quem são.

O que nós temos de cuidar é quais são as medidas dignas para resolver a situação dos pobres. Estou em crer que, neste momento, a situação dos pobres está bastante mais próxima, supostamente, porque está com os municípios, há muitas coisas que saíram do Estado central. Eu acredito na proximidade, é por isso que eu acredito na ação da Cáritas. Portanto, acredito que os municípios também poderão e terão obrigações de fazer mais próximo, de uma maneira diferente, porque a pobreza não é igual em todos os territórios, não me canso de dizer isto. Quando nós pensamos num programa, não podemos priorizar o programa em relação à situação das pessoas e, por isso, a proximidade deve ser favorecedora de uma solução melhor. Evidentemente, a situação do pobre não é uma coisa que seja escrita num livro. Se tivéssemos tudo escrito num livro, podíamos dizer "eu vou apoiar isto, isto e aquilo". Nesta situação, nós temos de olhar para os pobres e ver qual é a solução para cada situação. A situação de um e do seu vizinho pode ser completamente oposta.

Por isso, a minha esperança é na proximidade e a minha esperança é que a proximidade saiba ser transmissora da realidade e, depois, convocar e exigir as medidas para essa situação. Não me parece que uma coisa do domínio do Orçamento de Estado seja solução para as situações da pobreza em Portugal, porque o Estado não conhece a pobreza em Portugal. Quem conhece a pobreza em Portugal é quem está próximo.

"Cada um de nós pode ser a estrela na vida de alguém"

Neste Dia Mundial dos Pobres que a Igreja Católica celebra, a Rede Nacional da Cáritas lança a campanha "10 milhões de estrelas, um gesto pela paz", como, aliás, já faz há alguns anos. Olhando para essa proximidade e para as necessidades no terreno, qual é a importância desta campanha de Natal para a Cáritas?

Não é uma importância, são várias importâncias. Esta campanha não é uma campanha de distribuição de alimentos, é uma campanha de chamada de atenção. Não há ninguém que melhor possa apoiar do que um vizinho. Não há. Portanto, se conseguirmos convocar as pessoas para a atenção à situação de precariedade dos seus vizinhos, já é bastante importante.

Fazemos esta campanha com esse duplo sentimento. O sentimento de que nós, Cáritas em Portugal, precisamos de apoios de quem está mais próximo para resolver estas situações. Não é uma coisa que se faça de Orçamento de Estado, só. Nós também temos obrigações solidárias e cada um de nós deve estar muito atento às situações que nos estão mais próximas. A campanha tem essa vocação de que cada um de nós pode ser uma estrela na vida de alguém.

"Dez milhões de estrelas"... Eu gosto muito deste "dez milhões de estrelas" porque é referência aos dez milhões de portugueses. Já não são dez milhões, mas pronto… É a referência a que cada um de nós pode ser a estrela na vida de alguém. E, às vezes, não é com muito, é mesmo com proximidade e com pouco. Por isso, o desafio é o de que esta campanha nos dê condições para chegar o mais perto possível das pessoas que precisam e também com uma percentagem para algumas comunidades que nós também apoiamos, que são as comunidades "Laudato Si", dos países de expressão portuguesa.

Mas tem uma parte de incentivo à proximidade que é, para nós, muito importante. De facto, quem pode fazer a diferença na vida dos pobres é quem está mais próximo.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+