18 nov, 2024 - 17:05 • Aura Miguel
O Papa pede aos países membros do G20 que identifiquem novos caminhos para se alcançar uma paz estável e duradoura em todas as áreas relacionadas com conflitos.
Numa mensagem dirigida aos participantes na cimeira do G20, que decorre no Rio de Janeiro, Francisco sublinha que os atuais conflitos armados ”não são apenas responsáveis por um número significativo de mortes, deslocações em massa e degradação ambiental, mas também contribuem para aumentar a fome e a pobreza”.
O Papa reafirma que as guerras “continuam a exercer uma pressão considerável sobre as economias nacionais, especialmente devido à quantidade exorbitante de dinheiro gasto em armamento”.
A mensagem, lida pelo cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, denuncia também “um paradoxo significativo em termos de acesso a alimentos". Se, por um lado, “mais de três bilhões de pessoas não têm acesso a uma dieta nutritiva”, por outro lado, “quase dois bilhões de pessoas estão acima do peso ou obesos devido à má nutrição e a um estilo de vida sedentário”.
A Santa Sé pede um esforço concertado de mudança capaz de se reorganizarem os sistemas alimentares como um todo e reafirma a sua preocupação pela falta de soluções para a trágica situação dos que enfrentam a fome.
“A aceitação silenciosa da fome pela sociedade humana é uma injustiça escandalosa e uma ofensa grave”, diz o Papa. “A erradicação da desnutrição não pode ser alcançada apenas aumentando a produção global de alimentos. De fato, já há comida suficiente para alimentar todas as pessoas no nosso planeta; é meramente distribuída de forma desigual”.
Francisco pede para se reconhecer “a quantidade significativa de comida que é desperdiçada diariamente” e acrescenta que lidar com o desperdício de alimentos “é um desafio que requer uma ação coletiva, para que os recursos possam ser redirecionados para investimentos que ajudem os pobres e famintos nas suas necessidades básicas”.
Por fim, o Papa espera que a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza possa ter um impacto significativo nos esforços globais para combater estes flagelos.
"A Aliança poderia começar por implementar a proposta de longa data da Santa Sé que pede o redireccionamento dos fundos atualmente destinados a armas e outras despesas militares para um fundo global projetado para abordar a fome e promover o desenvolvimento nos países mais empobrecidos”, sugeriu o Secretário de Estado do Vaticano em nome do Papa.