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MEETING LISBOA 2024

Abade geral da Ordem de Cister vai a Lisboa falar de solidão

21 nov, 2024 - 06:30 • Ângela Roque

Mauro Giuseppe Lepori é um dos oradores do Meeting Lisboa. "Que quer dizer esta solidão imensa? E eu, o que sou?" é o tema da edição deste ano da iniciativa cultural ligada ao movimento Comunhão e Libertação, com entrada livre. Encontro decorre a 23 e 24 de novembro, na Cantina Velha da Cidade Universitária.

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Abade geral da Ordem de Cister vai a Lisboa falar de solidão

“Que quer dizer esta solidão imensa? E eu, o que sou?". É a pergunta existencial de Giacomo Leopardi, poeta e pensador italiano (1798-1837), que dá título à edição 2024 do Meeting Lisboa. Durante dois dias há três exposições para ver, cinco conferências e dois momentos musicais para acompanhar, uma delas com o abade geral da Ordem de Cister.

No manifesto de apresentação, a Associação Cultural Meeting Lisboa refere que quando “estamos rodeados de cenários de depressão, burnout ou tantos outros sinais de esmagamento de um ser humano que se sente sozinho”, o programa que propõem procura “identificar lugares e pistas para perguntas como ‘Para quê empenhar-se nisto ou naquilo? Porque vale a pena amar e sofrer?'“.

À Renascença, Catarina Almeida, coordenadora executiva do Meeting Lisboa, explica que o tema escolhido será abordado de várias formas ao longo do programa. “O tema 'Que quer dizer esta solidão imensa? E eu o que sou?' é a grande pergunta existencial que junta todos os homens e mulheres de todos os tempos, que é quando nos percebermos sozinhos diante da imensidão do mundo e das coisas. A pergunta de Leopardi dá o mote para três exposições, uma dedicada a Takashi Nagai - médico católico japonês, especialista em radiologia, que sobreviveu à bomba atómica - e à sua mulher Midori”.

Os dois “têm uma história muito impressionante, com impacto grande na reconstrução de Nagasaki, e com uma história também herdeira dos grandes cristãos ocultos, da fé levada pelos missionários portugueses para o Japão”, e o seu “percurso da sua vida oferece uma possibilidade mais humana e mais verdadeira, num tempo cheio de guerras, divisões e conflitos”, conta.

Outra exposição é dedicada ao beato Carlo Acutis e à forma “como a sua vida e a sua história impactam na vida dos mais jovens”. A terceira é a exposição 'Heróis pela Vida', da Federação Portuguesa pela Vida, “com testemunhos de vidas de pessoas do século XX, com uma grandeza humana, a quem se colocou essa questão da solidão e qual a companhia verdadeira que nos permite estar diante das coisas que vivemos todos os dias, mais desafiantes ou mais serenas”.

As três exposições podem ser vistas ao longo dos dois dias do Meeting, havendo mesmo “visitas guiadas para várias idades, também para crianças, entre as 10h00 da manhã e as 23h00”. Em simultâneo, haverá momentos musicais e palestras, com destaque para o abade geral Cisterciense, que “irá aprofundar as questões da fragmentação e compartimentação da vida e das relações”.

“O padre Mauro Giuseppe Lepori enfrentará as questões existenciais humanas, antropológicas, ligadas ao tema da solidão, e também colocará dentro deste grande tema todas as questões que são pertinentes”, refere Catarina Almeida. Esta conferência está prevista para as 18h00 de sábado e será apresentada pela jornalista e vaticanista da Renascença, Aura Miguel.

Para domingo está prevista “uma conferência sobre as consequências antropológicas da Inteligência Artificial (IA), ou seja, o que é que traz para o homem de hoje o desafio da IA”. A reflexão será feita por Helena Almeida (diretora da NOVA Medical School), Joana Corrêa Monteiro (professora de Ética na NOVA SBE), Luis Cabral (presidente do Departamento de Economia na New York University), Nuno Flores (CEO da Introsys), numa conversa moderada por Pedro Abreu (Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa).

O Meeting Lisboa abre sábado às 10h00, com “um diálogo com o presidente da Câmara, o engenheiro Carlos Moedas”, com Madalena Lage Ferreira, assessora política, e o advogado António Pinheiro Torres. O encontro encerra domingo à tarde, com o momento musical ‘Cá Dentro a Inquietação. Os cantos de intervenção e o grito de mudança’, pelos 50 anos do 25 de abril. “Será certamente um momento muito interessante de reflexão”, afirma Catarina Almeida.

Sábado, às 21h30, haverá também um concerto. “É um momento de festa! E gostaria de sublinhar este aspeto: todo o Meeting é construído por voluntários: todos os autores das exposições, as pessoas que fazem a limpeza do espaço, os artistas que vão cantar, são pessoas voluntárias que se entusiasmam com esta possibilidade de, dando do seu tempo livre, fazendo aquilo que mais gosto lhes dá, poderem oferecer este momento de convívio. E assim é para os nossos amigos que fizeram uma banda sempre para o Meeting, e por isso é que chama 'A nossa banda', porque é a banda do Meeting”.

Catarina Almeida sublinha, ainda, que embora esta seja uma iniciativa ligada ao movimento católico Comunhão e Libertação, é aberta a todos.

“Absolutamente! Isso está na origem do encontro. A Associação Cultural Meeting Lisboa, que é a entidade organizadora deste evento, constituiu-se precisamente para, todos os anos, em Lisboa, propor dois dias em que, dentro de uma abertura incansável e de uma estima verdadeira por toda e qualquer experiência humana, possamos encontrar-nos e dialogar a partir das grandes questões culturais, das grandes perguntas que todos temos, e as hipóteses e tentativas com que vamos respondendo àquilo que nos enche a vida, que é o terreno fértil para um diálogo e para uma amizade social que possa construir uma sociedade mais livre, mais justa, mais criativa.”

Todos os detalhes do programa podem ser consultados em www.meetinglisboa.org

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