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Cimeira do Clima

COP29. “Solidariedade internacional falhou”, diz Fundação Fé e Cooperação

24 nov, 2024 - 13:53 • Ângela Roque

À Renascença, Ana Patrícia Fonseca diz que que acordo “ficou longe das necessidades” e “atrasa uma década” a meta de pagamento das compensações aos países que mais estão a sofrer com as alterações climáticas.

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A diretora executiva da Fundação Fé e Cooperação (FEC) não esconde a desilusão face aos resultados da Cimeira do Clima que decorreu no Azerbaijão. Em declarações à Renascença, Ana Patrícia Fonseca começa por lembrar que “o sucesso desta COP seria medido pelo equilíbrio conseguido entre as necessidades dos países em desenvolvimento e o acordo final”.

Mas, o acordo “ficou muito longe das necessidades, por isso, não podemos afirmar que a COP29, a COP do financiamento, tenha sido um êxito”, diz esta responsável, que admite que foram dados alguns passos, mas claramente insuficientes para o que o mundo precisa.

“Os avanços acordados foram um passo, mas foram um passo muito pequeno, diante do longo caminho que é necessário percorrer para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C relativamente ao período pré-industrial e para apoiar os países em desenvolvimento na transição energética e na sua adaptação às consequências das alterações climáticas”, diz, indicando que o que estava em causa na cimeira “não foi conseguido”.

Ana Patrícia Fonseca lembra que os países em desenvolvimento são “os que mais sofrem as consequências das alterações climáticas”.

“Apesar do acordo final da COP triplicar o valor atual de 100 mil milhões de dólares definido no Acordo de Paris em 2015, para 300 mil milhões de dólares de dinheiro público até 2035, a verdade é que, para além do valor ser insuficiente relativamente àquilo que era o pedido dos países em desenvolvimento, também atrasa uma década na sua concretização ao colocar a meta para 2035. A solidariedade internacional falhou, uma vez mais, ao não fazer corresponder o compromisso com as necessidades reais”, considera.

A cimeira foi, por isso, um passo, mas “muito pequeno e insuficiente”. Acresce a isto que a forma como foi desenhada e negociada a proposta final mostrou que “os países não têm todos a mesma voz”.

“A forma como se chegou à proposta final, sem que os países em desenvolvimento pudessem reagir ou ser ouvidos, foi de tal forma sentida como insultuosa, que vários países e pequenos Estados insulares chegaram ontem a abandonar em protesto uma reunião com a presidência da COP. E este facto é muito revelador de que nestas grandes negociações internacionais os países não têm todos a mesma voz”, acrescenta.

Para Ana Patrícia Fonseca, a cimeira falhou em relação às expectativas, e ao que seria desejável para garantir um futuro melhor para todos: “A COP29 chegou a um acordo final, mas é um acordo incapaz de responder à realidade já amplamente conhecida. As nações conscientes dos graves efeitos sociais, económicos e ambientais das alterações climáticas, sobretudo junto dos mais pobres, e cientes de que o tempo é cada vez mais curto, voltaram, ainda assim, a falhar a possibilidade de um futuro para todos.”

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