24 nov, 2024 - 16:36 • Alexandre Abrantes Neves
“Ele com a nossa idade já era santo e nós? O que andamos a fazer com a nossa vida?”. Foram estas as perguntas que assolaram um grupo de cinco jovens de 14 anos do movimento Comunhão e Libertação quando começaram a ler mais sobre a vida de Carlo Acutis.
A resposta não tardou em chegar – e decidiram montar uma exposição em homenagem à vida deste jovem italiano, que morreu com 15 anos vítima de leucemia e que vai ser canonizado em abril de 2025. “Sentíamo-nos próximos pela idade e também por gostar de Fátima”, explica, à Renascença, Frederico Meira, de 22 anos e que orientou o grupo de adolescentes.
O trabalho demorou um ano a ser preparado e esteve em exibição este fim-de-semana, durante o Meeting Lisboa, na Cantina Velha da Cidade Universitária em Lisboa. O desenho da exposição é simples e começa por destacar a relação de Carlo Acutis com a eucaristia – entre os 15 cartazes, há um que reconstrói o site criado por Acutis e onde explicava vários milagres eucarísticos, incluindo um que ocorreu no século XIII em Santarém.
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Pelo meio de fotografias e textos, estes jovens tentaram ainda dar um retrato aprofundado da relação de Acutis com as pessoas que o introduziram à vida católica, como a ama polaca. São painéis que percorrem num pequeno percurso os 15 anos de vida deste jovem italiano – e que tentam mostrar como os santos “são pessoas normais”.
“Ele tinha uma vida normal. Temos esta ideia de que os santos são pessoas que são completamente diferentes de nós, que já nasceram com características e habilidades diferentes e que nós não temos hipótese de ser como eles. Pelo contrário, o Carlo Acutis era uma pessoa normalíssima: jogava videojogos, gostava de carros, gostava imenso de futebol”, assinala Frederico Meira.
Todos os santos têm um passado e todos os pecadores têm um futuro
O mergulho a fundo que deram na história deste “ciber-santo” (como é carinhosamente apelidado na exposição) fez estes jovens levarem um ensinamento para a vida: “todos os santos têm um passado e todos os pecadores têm um futuro”.
“Ninguém nasce ensinado, ninguém nasce logo santo à partida, não é? Todos nós precisamos de encontrar alguém que nos introduza nesta aventura da vida de relação com Deus intensa. Também para nós há uma estrada, também nós temos este futuro. É quase um sinal de esperança”, reforça este jovem estudante de matemática.
O anúncio da canonização de Carlo Acutis no Jubileu dos Adolescentes de 2025 em Roma foi uma “surpresa boa” e que surgiu numa altura em que a exposição já estava pronta a montar. Agora é tempo de arrumar os painéis e sonhar com uma viagem ao Vaticano, para assistir ao momento em que Acutis se torna oficialmente um modelo de santidade para os católicos.
“Nós costumamos brincar e dizer que a nossa exposição foi um incentivo ao Papa para o fazer santo. É um belo presente, é muito confirmador do trabalho que fizemos. Agora ficamos com a ideia com a provocação de tentar ir lá e levar estes miúdos que fizeram a exposição à canonização dele”, remata.