25 nov, 2024 - 09:33 • Ana Catarina André
A Fundação JMJ, liderada pelo bispo auxiliar de Lisboa, D. Alexandre Palma, está atualmente focada em desenvolver o seu modelo de funcionamento depois de a nova direção ter tomado posse em julho.
Em declarações à Renascença, em Roma, onde participou na entrega dos símbolos da JMJ à Coreia do Sul, o bispo diz que os primeiros concursos para apoiar projetos na área da infância e da juventude devem abrir em 2025, e sublinha que há um “compromisso sério” em cuidar do fundo de 35 milhões de euros da organização.
A recente entrega dos símbolos da JMJ à Coreia do Sul, este domingo, no Vaticano, é o fim de um ciclo para o Patriarcado de Lisboa e simultaneamente um repto para a Fundação JMJ?
Sou da opinião que sim, que termina um ciclo. Lisboa e todo o país estiveram fortemente mobilizados para a organização do evento em 2023. Creio que hoje, com a passagem dos símbolos à Coreia, a Seul, se fecha esta etapa. Ao fechar-se esta etapa, ao mesmo tempo, para a fundação abre-se uma nova. Vale a pena talvez acentuar esta passagem também na medida em que a fundação vai fazer coisas diferentes. É bom que vamos cultivando também as expectativas [nesse sentido]. Como temos de alguma maneira anunciado, a nossa atuação não será de promotor de evento direto, não será de organizador de jornadas do género, mas será de alguma maneira de suportar outros atores que estejam genericamente na frente do trabalho com jovens dentro e fora da Igreja. É nisso que estamos a trabalhar, e, de facto, é uma nova etapa. A JMJ Lisboa 2023 acabou hoje. Nasce de alguma maneira uma nova fase da Fundação JMJ 2023, distinguindo JMJ de Fundação JMJ.
Os 35 milhões de lucro da jornada que constituem o fundo da fundação já começaram a ser aplicados em projetos concretos?
Já temos apoiado algumas iniciativas ainda muito pontualmente, nomeadamente, por exemplo, o Encontro Rejoice da Pastoral Jovem Nacional, e isso já foi, de alguma maneira, um pequeno ensaio, laboratório, nesta lógica de parceria e de continuidade com uma aposta da Pastoral Juvenil, em Portugal. No campo de cuidar do fundo, do património da fundação, sim estamos a trabalhar. Neste momento, estamos a trabalhar no modelo de governance da fundação, ou seja, queremos montar um modelo de governo da fundação que, de alguma maneira, nos permita trabalhar com os critérios que herdámos também dos anos passados, de transparência e rigor. Temos um compromisso da direção, sério, de cuidar deste fundo da fundação, de mantê-lo vivo, não o depreciando, e, portanto, isso é um lado muito importante da operação, e neste momento estamos a falar com fundações congéneres, para perceber modelos de governance dessas fundações, como é que elas próprias cuidam dos seus fundos. Não temos de inventar a roda, temos de aprender com aquilo que está a ser bem feito em Portugal, e temos contado com muita disponibilidade para nos passarem essa experiência, para nos ensinarem também. No fundo, é esse o modelo de operação que estamos a construir, e depois estamos, do outro lado, a fazer uma transformação também da própria fase da fundação, a pensar um novo plano de comunicação, como queremos projetar outra vez a fundação para o espaço público, sendo que essa projeção tem como finalidade, não diria exclusiva, mas primeira, podermos chegar aos potenciais interessados e beneficiados dos nossos apoios. Isto significa não apenas cuidar muito bem do nosso fundo, mas ser capaz também de comunicar muito bem para fora, para os potenciais interessados.
Nesta fase, porque não temos isto acabado, temos preferido ser mais discretos, e peço desculpa, mas também peço paciência... Estamos aqui, na Praça de São Pedro, com o Papa Francisco, e ele, a respeito da sinodalidade, diz quem quer ir depressa, acaba por ir sozinho. Nós não queremos ir sozinhos. Portanto, se calhar em alguns momentos temos de ir um pouco mais devagar do que eu queria, do que a direção queria, do que provavelmente as expectativas que existem sobre a fundação. Queremos ir com muitos, ao limite queremos ir com todos, todos, todos. Isso às vezes significa ir um pouco mais devagar.
Em 2025 haverá novidades?
Sim. Talvez não tão cedo quanto eu queria. Não é apenas uma questão de trabalho. O próprio processo de reflexão e de consolidação do projeto, as ideias precisam de tempo para amadurecer. Estamos um bocadinho nessa fase, embora tenhamos começado a atuar em 2024 de uma maneira mais situada.
Mantém-se a ideia de que as pessoas ou entidades com projetos na área da juventude e da infância possa apresentar candidaturas à fundação?
Sim, funcionaremos ou projetar-nos-emos com concursos para apoios. Seguramente esses concursos terão regulamentos, que resultam daquilo que a fundação vai querer privilegiar na promoção da juventude. São instrumentos muito importantes do rigor e da transparência de que falava há pouco.