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Papa Francisco

Papa apela à humildade em "sociedade obcecada pela aparência"

07 dez, 2024 - 16:41 • Olímpia Mairos , com Ecclesia

Papa entregou anel e barrete cardinalício a 21 novos cardeais

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O Papa Francisco presidiu este sábado ao décimo consistório do seu pontificado com a criação de 21 cardeais. Entre eles D. Angelo Acerbi, de 99 anos, decano dos Núncios Apostólicos e D.Mykola Bychok, de 44 anos, bispo da Igreja Grego-Católica Ucraniana na Austrália.

Na homília da eucaristia, Francisco apelou à humildade numa sociedade “obcecada pela aparência” e pela “busca dos primeiros lugares”.

“Pode acontecer que o nosso coração se perca pelo caminho, deixando-se deslumbrar pelo fascínio do prestígio, pela sedução do poder, por um entusiasmo demasiado humano pelo Senhor”, disse o Papa.

“Por isso, é importante olhar para o nosso interior, colocarmo-nos humildemente diante de Deus e honestamente diante de nós mesmos, nos perguntarmos: Para onde está a ir o meu coração? Retornar ao coração para voltar ao mesmo caminho de Jesus, é disso que precisamos”, acrescentou.

Aos 21 novos cardeais o Santo Padre pediu que sejam “testemunhas de fraternidade, artífices de comunhão e construtores de unidade”, aconselhando-os a fugirem da tentação de dividir e de se deixar “deslumbrar pelo encanto do prestígio, pela sedução do poder, por um entusiasmo demasiado humano para o Senhor”.

“Seguir o caminho de Jesus significa, enfim, ser construtores de comunhão e unidade”, explicou.

O Santo Padre lembrou ainda que “fazer a estrada de Jesus significa, antes de tudo, retornar a Ele e remetê-lo ao centro de tudo”, advertindo que “na vida espiritual, assim como na vida pastoral, às vezes corremos o risco de nos concentrarmos naquilo que é acessório, esquecendo-nos do essencial”.

“Com muita frequência, coisas secundárias tomam o lugar do que é indispensável, as superficialidades prevalecem sobre o que realmente importa, mergulhamos em atividades que consideramos urgentes, sem conseguir chegar ao coração”, alertou.

O Papa assinalou a necessidade de “voltar ao centro”, para dar prioridade a Cristo, na vida da fé e no serviço à Igreja.

“Caminhar na estrada de Jesus também significa cultivar a paixão do encontro. Jesus nunca percorre o caminho sozinho; o seu vínculo com o Pai não o isola dos acontecimentos e da dor do mundo”, observou.

Francisco pediu atenção para os “rostos das pessoas marcadas pelo sofrimento”, apresentando Cristo como “o ponto de apoio fundamental”.

“Lançando o seu olhar sobre vós, vindos de diferentes histórias e culturas, que representais a catolicidade da Igreja, o Senhor chama-vos a serdes testemunhas da fraternidade, artesãos da comunhão e construtores da unidade. Esta é a vossa missão”, declarou o Papa.

"Na estrada de Jesus, vamos caminhar juntos. Caminhemos com humildade, com espanto, com alegria”.

A celebração começou com a saudação dos novos cardeais, antes da oração proferida por Francisco e a proclamação do Evangelho, por uma leitora.

Após a homilia, o Papa leu a fórmula de criação e proclamou em latim os nomes dos cardeais, para os unir com “um vínculo mais estreito” à sua missão; segue-se a profissão de fé e o juramento dos novos cardeais, de fidelidade e obediência ao Papa e seus sucessores.

Francisco entrega ainda um anel aos cardeais para que se “reforce o amor pela Igreja”, seguindo-se a atribuição a cada cardeal uma igreja de Roma – que simboliza a “participação na solicitude pastoral do Papa” na cidade -, bem como a entrega da bula de criação cardinalícia, momento selado por um abraço de paz.

Cada cardeal é inserido na respetiva ordem (episcopal, presbiteral ou diaconal), uma tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, em que os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.

Este foi o décimo consistório do atual pontificado, após os realizados a 22 de fevereiro de 2014, 14 de fevereiro de 2015, 19 de novembro de 2016, 28 de junho de 2017, 28 de junho de 2018, 5 de outubro de 2019, 28 de novembro de 2020, 27 de agosto de 2022 e 30 de setembro de 2023.

O Papa Francisco conduziu a cerimónia na Basílica de São Pedro com o queixo magoado. O Vaticano disse que não iria comentar o assunto.


[notícia atualizada às 18h00 de 7 de novembro para acrescentar mais detalhes]

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