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Carmelitas guilhotinadas na revolução francesa passam a ter culto universal

18 dez, 2024 - 18:20 • Aura Miguel

O Dicastério da Santa Sé para a Causa dos Santos aprovou e o Papa confirmou esta canonização extraordinária.

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O Papa Francisco decidiu alargar à Igreja universal o culto de 16 carmelitas descalças, mortas por ódio à fé, em Paris, durante a revolução francesa.

Beatificadas pelo Papa Pio X, a 27 de maio de 1906, Teresa de Santo Agostinho e 15 companheiras da Ordem das Carmelitas Descalças de Compiègne foram declaradas santas esta quarta-feira.

O Dicastério da Santa Sé para a Causa dos Santos aprovou e o Papa confirmou esta canonização extraordinária (canonicamente designada por equipolente), inscrevendo, assim, estas carmelitas no catálogo dos santos, sem necessidade de ulteriores processos.

O testemunho inspirador das 16 carmelitas

Durante a revolução francesa, alguns membros do Comité de Saúde pública foram ao convento das carmelitas para as convencer, sem êxito, a abandonarem a vida religiosa.

As monjas recusaram e, entre junho e setembro de 1792, perante o aumento de episódios de violência, a madre prioresa, irmã Teresa di Sant’Agostino, propôs que as religiosas se oferecessem, em sacrifício, ao Senhor para que a Igreja e o Estado reencontrassem a paz.

Expulsas do convento e obrigadas a deixar o hábito religioso, mantiveram uma vida de oração e penitência, separaram-se em quatro grupos clandestinos, mas continuaram unidas por correspondência, sob a orientação da madre superiora.

Denunciadas e presas, as carmelitas foram acusadas de fanatismo e condenadas à morte pelo tribunal revolucionário.

Levadas para o cadafalso em duas carroças de caixa aberta, o povo presente testemunhou que se fez um imenso silêncio naquela praça.

Enquanto se encaminhavam para a guilhotina, as carmelitas entoavam o Veni Creator, renovando os seus votos religiosos. O coro nunca deixou de cantar e prosseguiram com a Salve Regina. As vozes foram-se reduzindo, uma a seguir à outra, apenas entremeadas pelo som frio da lâmina da guilhotina, até à última voz da última religiosa ficar silenciada.

Estes acontecimentos verídicos inspiraram vários artistas. Destaque, sobretudo, para a novela escrita pela alemã Gertrud von Le Fort (1876 –1971), com o título “A última do cadafalso”.

Mais famosa ainda é a ópera em três actos de Francis Poulenc (1899-1963), “Dialogues des Carmelites”, estreada no La Scala de Milão, em 1957. Em Lisboa, esta ópera foi apresentada em 2019, no Teatro de São Carlos, com encenação de Luís Miguel Cintra e direção musical de João Paulo Santos.

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