24 dez, 2024 - 17:54 • Agência Ecclesia
O Papa Francisco deu início ao 27.º jubileu ordinário da história da Igreja Católica ao abrir a Porta Santa da Basílica de São Pedro, no início da Missa da Noite de Natal.
O Papa, transportado em cadeira de rodas, passou a Porta Santa acompanhado por representantes de católicos dos cinco continentes e também por membros de outras Igrejas e comunhões cristãs presentes em Roma, “sinal visível da fé que todos os cristãos partilham em Jesus Cristo, o Verbo feito carne”, indica uma nota do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
De acordo o documento, a passagem do limiar da Porta Santa por parte dos representantes de Igrejas ecuménicas não é uma “tentativa de os associar a elementos do Jubileu, como a indulgência jubilar, que não estão de acordo com as práticas das suas respetivas comunidades”.
O início solene do Jubileu 2025 coincide com a celebração dos 1700 anos do primeiro concílio ecuménico, o Concílio de Niceia, onde se afirmou a divindade de Jesus, Filho de Deus.
A celebração da Noite de Natal começou no exterior da Basílica de São Pedro, com um momento de preparação que inclui a leitura de três textos do Antigo Testamento – livros do Génesis, Isaías e Miqueias – que “anunciam a vinda de Cristo Salvador”.
A abertura da Porta Santa acontece, tradicionalmente, na celebração do nascimento de Jesus, incluindo o “anúncio do Natal”.
Antes da Missa, decorreu o rito que marca o início do Jubileu, “tempo da misericórdia e do perdão”, iniciando-se com uma antífona, seguida da oração do Papa, para que “se abra a cada homem e mulher o caminho da esperança que não desilude”.
“Irmãos e irmãs, no Natal do Senhor, luz da luz, esperança inextinguível, preparamo-nos para atravessar com fé a Porta Santa. Os passos do nosso caminho são os passos de toda a Igreja, peregrina no mundo e testemunha da paz”, refere o texto.
O Papa abriu a porta em silêncio, recolhendo-se em oração, seguindo-se o toque dos sinos, entrando depois na Basílica acompanhado por representantes de católicos dos cinco continentes e por convidados de outras confissões cristãs, ao som do hino jubilar, “Peregrinos da Esperança”.
Na bula de proclamação do 27.º jubileu ordinário da história da Igreja Católica, intitulada ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude), o Papa Francisco propõe um cessar-fogo global e o perdão das dívidas aos países pobres.
“Que o primeiro sinal de esperança se traduza em paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra”, escreve Francisco, que defende também uma amnistia para os presos, como sinal de esperança, anunciando que vai abrir uma porta santa numa cadeia.
“O rito de passagem pela Porta Santa tem por objetivo exprimir, para cada peregrino da esperança, o desejo de um encontro com Cristo e com os membros do seu corpo que é a Igreja”, refere o livro da celebração, divulgado pela Santa Sé.
Segundo o Vaticano, a adoção de uma Porta Santa é atribuída ao Papa Martinho V que, por ocasião do Jubileu Extraordinário de 1423, a abriu para entrar na Basílica de São João de Latrão, em Roma.
Já no Vaticano, a presença desta tradição é atestada para o Jubileu de 1450, com uma porta esculpida na parede do fundo da capela dedicada por João VII à Virgem Maria, no local onde ainda hoje se encontra.
O Departamento de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice (Santa Sé) indica que Alexandre VI, em 1500, deu relevo a este sinal inaugural do Jubileu com um ritual que se manteve praticamente inalterado ao longo dos séculos, até 2000 – a remoção da parede de tijolo foi substituída pela abertura das duas portas da porta de bronze já em 1983.