25 dez, 2024 - 11:44 • Aura Miguel
“Irmãos e irmãs, não tenhais medo! A Porta está aberta, escancarada! Vinde!”, disse o Papa Francisco na manhã deste domingo, no Vaticano.
“Deixemo-nos reconciliar com Deus, e então reconciliar-nos-emos connosco mesmos e poderemos reconciliar-nos uns com os outros, até com os nossos inimigos”, proclamou.
Na Mensagem Urbi et Orbi deste Natal, o Santo Padre afirmou que a misericórdia de Deus tudo pode, desfaz todos os nós, derruba todos os muros de divisão, dissolve o ódio e o espírito de vingança, porque “é a Porta da Paz”. Mas entrar por esta Porta, "exige o sacrifício de dar um passo, de deixar para trás contendas e divisões, para se abandonar nos braços abertos do Menino que é o Príncipe da Paz”, por isso, Francisco convidou “todas as pessoas, todos os povos e nações a terem a coragem de atravessar a Porta, a tornarem-se peregrinos da esperança, a calarem as armas e a superarem as divisões!”
“Calem-se as armas na martirizada Ucrânia! Tenha-se a audácia de abrir a porta às negociações e aos gestos de diálogo e de encontro, para alcançar uma paz justa e duradoura”, implorou.
“Calem-se as armas no Médio Oriente! Com os olhos postos no berço de Belém, dirijo o meu pensamento para as comunidades cristãs de Israel e da Palestina, em particular de Gaza, onde a situação humanitária é gravíssima. Haja um cessar-fogo, libertem-se os reféns e ajude-se a população esgotada por causa da fome e da guerra.”
Francisco não esqueceu a comunidades cristã no Líbano, especialmente a do sul e a que se encontra na Síria. “Abram-se as portas do diálogo e da paz em toda a região, dilacerada pelo conflito”, disse.
No continente africano, o Papa, desejou que o Natal traga esperança às famílias de milhares de crianças que estão a morrer devido a uma epidemia de sarampo na República Democrática do Congo, bem como às populações do leste do país e às do Burkina Faso, Mali, Níger e Moçambique.
“A crise humanitária que os afeta é causada principalmente por conflitos armados e pelo flagelo do terrorismo”, afirmou, considerando ainda os efeitos devastadores das alterações climáticas, que provocam a perda de vidas humanas e o deslocamento forçado de milhões de pessoas.
“Penso também nos povos dos países do Corno de África, para os quais imploro os dons da paz, da concórdia e da fraternidade. Que o Filho do Altíssimo sustente os esforços da comunidade internacional para facilitar o acesso da população civil do Sudão à ajuda humanitária e para suscitar novas negociações em vista de um cessar-fogo”, disse, encorajando também o povo líbio a procurar soluções que permitam a reconciliação nacional.
A difícil situação dos habitantes de Myanmar, as convulsões políticas e sociais no Haiti, na Venezuela, na Colômbia e na Nicarágua, foram sublinhadas pelo Papa que pediu ainda que o Jubileu abata o muro de separação que divide o Chipre.
Francisco insistiu na sacralidade da vida e na importância de recuperar os valores basilares da família humana, sobretudo, em defesa dos mais frágeis: “Todas as crianças que sofrem por causa da guerra e da fome; os idosos, muitas vezes obrigados a viver em condições de solidão e abandono; aqueles que perderam a própria casa ou fogem da sua terra para tentar encontrar um refúgio seguro; os que perderam ou não encontram trabalho; os prisioneiros que, apesar de tudo, continuam sempre a ser filhos de Deus; aqueles que são perseguidos por causa da sua fé."
Por fim, o Santo Padre voltou a insistir para que o Jubileu “seja uma ocasião para perdoar as dívidas, sobretudo, as que oneram os países mais pobres”.
Francisco concluiu que “cada um é chamado a perdoar as ofensas recebidas, porque o Filho de Deus, que nasceu no frio e na escuridão da noite, nos perdoa tudo”.