23 out, 2015 - 20:46
É mais uma voz da Cultura a falar sobre a detenção de Luaty Beirão, o cidadão luso-angolano que está em greve de fome em Angola. O ensaísta Eduardo Lourenço diz que é uma questão de consciência humana.
O Prémio Pessoa sublinha que, embora a Europa não possa falar como uma “espécie de consciência da humanidade”, não pode admitir que uma pessoa esteja detida por livre pensamento.
“A Europa não é a consciência imaculada da humanidade, sobretudo quando se trata de relacionamentos com as nossas ex-colónias. Temos de os tratar nas palminhas, mas não podemos admitir aquilo que é contrário, qualquer coisa que não tem a ver com a Europa, mas tem a ver com a consciência humana, como se dizia no tempo do Émile Zola. O sujeito está na cadeia por motivos de livre pensamento, nós não podemos aceitar isso. Os dirigentes de Angola um dia chegarão à mesma conclusão”, disse.
Eduardo Lourenço falou numa conferência que decorreu esta sexta-feira no Folio, o festival literário de Óbidos, onde esta noite a Renascença emite o programa “Ensaio Geral”, a partir das 23h com o escritor Gonçalo M. Tavares e o fotógrafo e artista João Francisco Vilhena.
Luaty Beirão está em greve de fome há 33 dias. O “rapper” e activista integra um grupo de mais 16 pessoas - duas a aguardar julgamento em liberdade - que estão acusadas formalmente, desde 16 de Setembro passado, pelo Ministério Público, estando o início do julgamento, no tribunal de Luanda, agendado para 16 de Novembro.