06 dez, 2015 - 23:43 • Eunice Lourenço
“Ainda se constroem mosteiros?!?”. Foi com admiração que a dona do café olhou para o cartaz a anunciar o concerto para ajudar na construção de um novo mosteiro. Sim, no século XXI ainda se constroem mosteiros. E cá em Portugal. É o que estão a fazer as Monjas de Belém no Couço, freguesia de Coruche, onde há quatro anos começou a tomar forma o mosteiro de Nossa Senhora do Rosário.
É para ajudar na construção desse mosteiro que esta terça-feira tem lugar o segundo Concerto para Maria, em que a principal figura do cartaz é o músico Rão Kyao. O primeiro Concerto para Maria foi há um ano, no concelho de Alenquer, e conseguiu angariar mais de cinco mil euros.
Este ano, o espectáculo vai decorrer no salão paroquial de Ribamar, concelho da Lourinhã, e conta com a participação do coro daquele município, assim como do coro do Externato de Penafirme. Isto além de Rão Kyao, de um grupo de fadistas e de uma tuna de música popular portuguesa. É as três da tarde no auditório do salão paroquial de Ribamar.
As Monjas de Belém – cuja designação completa é Família Monástica de Belém, da Assunção da Virgem e de São Bruno – chegaram a Portugal no fim do século XX. Instalaram-se primeiro na diocese de Setúbal, onde transformaram uma parte de uma quinta familiar no Mosteiro de Nossa Senhora Vestida do Sol. Eram instalações provisórias, mas foi aí que começou a sua fundação em Portugal.
Depois de alguma procura por um local onde fundar um novo mosteiro – teria de ser um local isolado já que é uma ordem que se dedica ao silêncio e à contemplação – foi-lhes oferecido um terreno no Couço, diocese de Évora. No dia 24 de Junho de 2011 foi benzida a primeira pedra e dois anos depois foram abençoadas as primeiras construções: uma capela, um refeitório, uma cozinha e seis eremitérios (um espaço que inclui um quarto, um local de oração e de trabalho e uma casa de banho para cada monja e ainda uma pequena porção de terreno para cultivar).
Actualmente, toda a comunidade das Monjas de Belém cá em Portugal já está no Couço, embora as instalações sejam insuficientes. Por isso, várias monjas estão instaladas em contentores à espera de condições para continuar a obra, que deverá ter mais eremitérios, uma igreja maior e espaço para receber pessoas que queiram permanecer alguns dias no mosteiro para encontrar Deus no silêncio, na paz e na oração junto daquela comunidade monástica.