17 dez, 2015 - 21:33
Uma imagem que mostra o desespero de duas crianças refugiadas na fronteira da Grécia com a Macedónia foi eleita pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) como a fotografia do ano 2015.
O repórter fotográfico da Macedónia Georgi Licovski, da Agência Europeia de Fotografia (EPA), é o autor da imagem.
A fotografia mostra um menino e uma menina de mãos dadas, a chorar de forma inconsolável, entre vários elementos da guarda fronteiriça e uma multidão de pessoas que tenta abrir caminho.
"Os seus rostos, cada poro do seu corpo, reflectem o desespero destas duas crianças", afirmou Daniela Schadt, mulher do Presidente alemão Joachim Gauck, durante a apresentação em Berlim da fotografia premiada pelo UNICEF.
Georgi Licovski "captou (...) na sua imagem o desespero das crianças que fogem" e a fotografia imortaliza tanto "o dilema" como "a responsabilidade da Europa", acrescentou Daniela Schadt.
O próprio repórter fotográfico reconheceu que não foi fácil tirar fotografias destas pessoas, que deixaram os seus países e perderam as respectivas casas.
Para Peter-Matthias Gaede, membro da direcção do UNICEF, as imagens dos refugiados, em especial a fotografia do corpo do menino sírio Aylan Kurdi numa praia turca, abriram um debate sobre os limites éticos do jornalismo.
"Precisamos de imagens, mesmo quando essas imagens podem provocar muitos danos", afirmou Gaede, acrescentando que as fotografias ilustram o sofrimento e transportam para fora das estatísticas "as crianças que têm de ser corajosas e que já perderam tanto".
Uma reportagem fotográfica realizada pelo sueco Magnus Wennman, que mostrou crianças exaustas a dormirem em florestas, em estações de comboios, deitadas em colchões velhos, durante o percurso da Síria para a Europa, foi distinguida com o segundo prémio.
O terceiro prémio foi atribuído à repórter fotográfica norte-americana Heidi Levine e ao seu trabalho que mostra uma criança palestiniana de cinco anos com uma cicatriz na barriga.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estima que cerca de 60 milhões de pessoas no mundo não podem regressar às suas casas devido a situações de violência, um número recorde.
Segundo a UNICEF, 25% dos 730 mil refugiados que tentaram entrar na União Europeia (UE) entre Janeiro e Novembro deste ano através da rota migratória dos Balcãs eram crianças ou jovens.