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A guerra, os refugiados, as crianças exploradas. O World Press Photo leva o mundo a Lisboa

27 abr, 2016 - 14:09

Exposição que reúne o melhor fotojornalismo mundial abre ao público esta quinta-feira, no Museu da Electricidade.

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Fotografias de uma criança com a pele queimada, de um menino acorrentado, de um bebé encostado a arame farpado sobressaem na exposição de fotojornalismo World Press Photo, que abre ao público esta quinta-feira no Museu da Electricidade, em Lisboa.

A guerra, os refugiados, as crianças exploradas. O World Press Photo leva o mundo a Lisboa
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A exposição revela as imagens premiadas no concurso internacional de fotojornalismo World Press Photo, incluindo a que deu ao australiano Warren Richardson o Grande Prémio e as que o fotojornalista português Mário Cruz captou numa reportagem no Senegal.

O comissário da exposição, Sander Zwart, contou que as reportagens premiadas nesta edição estão relacionadas sobretudo com o conflito na Síria e com a vaga de refugiados na Europa.

A fotografia premiada de Warren Richardson é disso um exemplo. Um pouco desfocada e pouco definida, a imagem mostra, a preto e branco, um homem a tentar passar uma criança por baixo de arame farpado, na fronteira entre a Sérvia e a Hungria.

"A minha primeira impressão também foi de dúvida, mas esta imagem ganha vida quando se conhece a história", contou Sander Zwart. Warren Richardson viveu com os refugiados durante duas semanas e podia ter posto em risco não só a vida dele como das pessoas que fotografou, em particular no momento captado na imagem vencedora, referiu o comissário.

Crianças sem rosto

Foi preciso fazer um compromisso pessoal e ter muita coragem, resumiu Sander Zwart, comissário da exposição, citado pela Lusa, estendendo o elogio também a Mário Cruz, 28 anos.

Em 2015, o fotojornalista português rumou, por conta própria, à Guiné-Bissau e ao Senegal para testemunhar e fazer prova de uma situação de tráfico e escravatura de crianças em espaços que supostamente seriam de educação religiosa. Estas crianças são conhecidas como talibés.

A reportagem, que mostra crianças enclausuradas, presas com correntes, deitadas no chão ou a mendigarem nas ruas, valeu-lhe o primeiro prémio na categoria "Temas Contemporâneos" e duas distinções posteriores, com o Prémio de Fotojornalismo Estação Imagem Viana do Castelo e no concurso internacional POYi - Pictures Of The Year.

Uma das imagens mostra uma criança, sem rosto, com um pé acorrentado, num centro religioso no Senegal, captada por Mário Cruz sem autorização. "Percebi que aquela imagem era importante, era uma das provas que faltava para que as pessoas começassem a acreditar que estas crianças passam por condições inimagináveis", disse o fotojornalista à agência Lusa.

Por causa do prémio, que denunciou internacionalmente a exploração de crianças, o governo senegalês pediu as fotografias de Mário Cruz para as usar numa campanha de sensibilização no país, onde muitos desconhecem a situação de tráfico e escravatura em nome de uma educação religiosa.

Até 22 de Maio, a exposição no Museu da Electricidade revela esta reportagem premiada e algumas dezenas de imagens também elas distinguidas na 59.ª edição e que traçam um retrato do mundo actual.

Há muitas fotografias que captam o drama de pessoas que fogem de conflitos, em trânsito ou em campos de refugiados, mas também há reportagens sobre o impacto e a relação do homem com a natureza e com o meio que o rodeia.

À 59.ª edição do World Press Photo concorreram 5.775 fotógrafos e fotojornalistas de 128 países.

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