30 mai, 2016 - 16:31
Um concerto cancelado, página de Facebook desactivada, muitos caracteres de revolta local (e não só) nas redes sociais. E tudo por causa de uma entrevista de José Cid feita há seis anos, mas com palavras que escandalizam em 2016: “pessoas medonhas, feias, desdentadas”, pessoas “do Portugal profundo que já deviam ter evoluído”.
Na entrevista, ao Canal Q, Cid propõe, com ironia, a criação de "uma muralha da China em Trás-os-Montes”. "Vêm excursões de pessoas que nunca viram o mar para o Pavilhão Atlântico. Pessoas assim medonhas, desdentadas e efectivamente isso não é Portugal", afirma o cantor.
Um concerto do autor de “10.000 anos depois entre Vénus e Marte” em Alfândega da Fé, agendado para 11 de Junho, foi cancelado após a polémica, avançou o "Diário de Trás-os-Montes".
“Injustamente, falei mal do público e do povo transmontano, apresento, por esta via, as minhas mais sinceras desculpas", disse José Cid, em comunicado enviado à comunicação social, em que expressa um “imenso pedido de desculpas” aos ofendidos.
"Foi um momento irreflectido, em que, admito, fui injusto com pessoas que gostam de mim, que sempre me apoiaram, ouviram e partilharam a minha música (...) Estou muito triste comigo!", pode ler-se.
O presidente da Câmara de Bragança, Hernâni Dias, expressou "profundo desagrado, repúdio e desilusão pelas lamentáveis declarações".
"Os transmontanos sempre deram o seu melhor a favor do país, aliás como reza a História, onde grandes personalidades se destacaram em todas as áreas, desde a cultura, à música, à política, ao desporto, entre outras, situação que ainda hoje se mantém", disse, citado pelo “Jornal de Notícias”.
A página de José Cid no Facebook foi desactivada. Na mesma rede social nasceu uma página e um grupo. E a revolta tomou ainda a forma de uma petição “online” que exige um pedido de desculpas e acusa Cid de "criar um estereótipo pejorativo e atentando grave e despudoradamente, contra a honra e dignidade do povo transmontano".
A Renascença tentou, sem sucesso, obter uma reacção de José Cid.