03 out, 2016 - 09:46 • Olímpia Mairos
"A Queda dum Anjo", livro de Camilo Castelo Branco, que conta a história de um político transmontano que se deslumbra com Lisboa, quando chega a deputado, terá uma versão em mirandês. A tradução faz parte da programação que assinala os 150 anos desta obra.
O escritor Alfredo Cameirão é o tradutor da obra e considera que faz todo o sentido esta versão, porque “uma das principais personagens da história [Calisto Elói] é natural de Caçarelhos, aldeia do concelho de Vimioso, onde, há 150 se falava o mirandês".
A tradução faz parte da programação que assinala os 150 anos desta obra camiliana e vai contribuir, no entender de Cameirão, “para a afirmação da língua mirandesa”.
“A língua mirandesa fica enriquecida ao ter no seu corpus a tradução de uma obra tão importante” para a literatura portuguesa, como é o romance de Camilo Castelo Branco.
O escritor conta que demorou “largos meses” a fazer a tradução e que foi um “trabalho minucioso”, realçando, no entanto, que não podia recusar “um convite desta dimensão cultural” e que “a língua mirandesa não poderia perder esta oportunidade”.
A edição, que conta com 250 exemplares, é da Câmara de Vila Nova de Famalicão, em parceria com a Casa de Camilo, onde há quase três décadas são realizadas actividades relacionadas com a vida e obra de Camilo Castelo Branco, que ali viveu.
José Manuel Oliveira, director da Casa de Camilo, acredita que “deve ser inédito na história da edição literária em Portugal fazer um livro que tem exclusivamente a língua da própria personagem”.
A obra vai ser apresentada na tarde de 18 de Outubro, na biblioteca da Assembleia da República, em Lisboa, depois de um passeio no Chiado, pelo roteiro de infância de Camilo Castelo Branco que nasceu na Rua da Rosa.
A apresentação em Lisboa inclui uma mesa redonda com Francisco José Viegas e Pedro Mexia sob o tema “A actualidade da Queda dum Anjo, de Camilo Castelo Branco”.