13 out, 2016 - 13:52
"Fiquei muito surpreendido, não fazia ideia sequer da possibilidade do Dylan estar na lista dos possíveis laureados. Quando soube disto, fiquei bem espantado. Não sei qual é o significado deste prémio, mas parece-me que a academia não está, propriamente, só a premiar o Bob Dylan, mas sim a canção popular de um modo geral, tal como a conhecemos, e que ganhou poder, sobretudo, a partir dos anos 60-70. Acho que está a colocar a canção num patamar de respeitualidade que ela nunca teve, pelo menos, da parte das academias." Carlos Tê, escritor, letrista
"Foi uma grande surpresa, mas fico muito contente. Vem de uma tradição folk, do Woody Guthrie, depois começou a descobrir outros caminhos, passou pela canção política, pela canção vivencial, pelo surrealismo e é extremamente moderno. (…) É uma influência indirecta. Quando o oiço apetece-me compor e isso acontecia-me também, por exemplo, com Zeca Afonso. Ele é um escritor de canções, influência para várias gerações de músicos e essa arte deve ser premiada.” Sérgio Godinho, músico
Numa referência à canção "The Times They Are a-Changin'": "O Presidente da República, evocando a sua juventude, não pode deixar de se associar a esta homenagem, inesperada mas significativa, com a atribuição do prémio Nobel a Bob Dylan, alguém que para além da riqueza das suas letras se notabilizou pelas sua músicas, sinal claro de que os tempos estão a mudar...". Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República
"A atribuição do Nobel da Literatura a Bob Dylan é o reconhecimento de um grande poeta que alia de forma exemplar a palavra e a música, numa inteira expressão poética. Bob Dylan tornou-se voz de várias gerações e os seus poemas cantares dos tempos de mudança". Luís Filipe de Castro Mendes, ministro da Cultura
“Não há surpresa nenhuma, porque o Christopher Ricks, que é um grande crítico académico e professor de poesia, já defende Dylan, há quase 40 anos, como um génio da literatura mundial, numa obra sua de 2003, ele afirma que Dylan está à altura de Shakespeare e do Philip Larkin.” Miguel Esteves Cardoso, escritor
“Foi uma surpresa relativa, porque havia outros escritores, mas o Bob Dylan é um grande poeta que soube inserir a poesia nas tradições musicais norte-americanas. Nomeadamente na pop e na folk. Só revela uma capacidade de actualização da Academia Sueca ao escolher um autor de canções, mas que é um grande poeta. (…)“[Bob Dylan] Está, de facto, inserido, e muito bem, na tradição poética anglo-saxónica, havendo claro, influências directas de poetas/cantores como Leonard Cohen, de modo mais imediato, e de outros também, mas toda a grande poesia norte-americana, desde o Walt Whitman ao John Ashbery está muito presente na poesia de Dylan.” Francisco Vale, editor da Relógio d’Água
“[É] Um grande poeta na grande tradição poética inglesa. (…) [O disco ‘Blonde on Blonde’] é um exemplo extraordinário da sua forma brilhante de rimar e do seu pensamento pictórico.” Sara Danius, secretária permanente da Academia Sueca
“Na altura nós tínhamos uma edição na Quasi que onde dávamos importância a músicos, onde publicámos o Caetano Veloso, a Adriana Calcanhotto, uma série de autores. No meio dessa pesquisa percebi que existia esse livro do Dylan e então comprei, li-o em inglês primeiro, percebi que era um texto muito experimental, tenso até, mas ao mesmo tempo um texto que merecia ser publicado em Portugal. E que fazia sentido colocar naquela colecção de gente da música que é também escritora. Era essa a ideia da colecção.” Jorge Reis-Sá, da Quasi, que publicou "Tarântula", prosa-poema experimental de 1966