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​CCB. Um catálogo para uma exposição que não vai existir

05 jan, 2017 - 00:51 • Maria João Costa (Renascença) e Lucinda Canelas (Público)

Actual presidente da instituição diz que "almofada financeira" da casa se perdeu, mas o seu antecessor, António Lamas, recusa acusações. Os dois esperam que o dinheiro da Europa ainda venha.

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Uma exposição que o ex-presidente do Centro Cultural de Belém (CCB) António Lamas previra para "explicar" Belém já tem catálogo publicado e à venda, mas foi "cancelada", diz o actual presidente Elísio Summavielle em entrevista à Renascença e ao jornal “Público”.

Elísio Summavielle afirma que "almofada financeira" da casa se perdeu, mas António Lamas recusa acusações. Os dois esperam que o dinheiro da Europa ainda venha.

Quando Elísio Summavielle chegou à presidência do Centro Cultural de Belém (CCB), estava já em curso uma série de acções que António Lamas promovera a pensar na valorização da casa e da sua envolvente e em que investira já dinheiro, à espera dos fundos comunitários que chegariam via Por Lisboa (plano de acção regional do anterior quadro de apoio). Entre eles estava a realização de uma mostra sobre a Exposição do Mundo Português, de 1940, monumental celebração do Estado Novo que deixou várias marcas em Belém. Mostra que, garantiu agora Summavielle, foi “cancelada”, apesar de ter já um catálogo à venda.

A exposição “fazia parte de um pacote e não havia ainda compromisso financeiro em relação a isso”, explica. “Houve cerca de 3,7 milhões de euros investidos no Por Lisboa que compreendiam todas estas iniciativas dos quais não houve nenhum retorno para o CCB. Ainda.”

Este montante saiu de uma almofada financeira de que a instituição dispunha desde a sua criação e que, diz Summavielle, agora se perdeu. Tudo porque as candidaturas aos fundos europeus foram aprovadas em "overbooking" - apesar de terem sido aceites, não receberam ainda verbas comunitárias.

Contactado pelo “Público”, o anterior presidente do CCB garante que essa almofada não desapareceu e que não perdeu a esperança de ver esse dinheiro reposto, pelo menos em boa parte, pela Europa. “Ainda fechei as contas de 2015 e elas foram auditadas, aprovadas e publicadas. É tudo muito transparente. Os investimentos feitos estão lá, para benefício do CCB e dos seus públicos, não foram feitos em festas e viagens.” E está lá também a referência a que as candidaturas aos fundos comunitários foram feitas "em regime de aprovação condicionada – ‘overbooking".

Estes investimentos dizem respeito, por exemplo, à melhoria das acessibilidades para deficientes, à máquina de projecção para o cinema no grande auditório, à renovação do sistema de ar condicionado do edifício e de segurança nos parques de estacionamento, a estudos e projectos para a conclusão do CCB – os módulos 4 e 5 – e para a recuperação do Jardim Botânico Tropical, incluído no plano estratégico de Lamas para o eixo. Na lista de projectos, divididos em três lotes de candidaturas feitas na sequência de avisos/concursos da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, está a “Exposição do Mundo Português – Explicação de Um Lugar”, que já não vai existir.

António Lamas lamenta que tenha sido cancelada, mas diz que o trabalho de investigação para ela feito e o catálogo que daí nasceu valem a pena.

Num email enviado ao “Público” ao fim da tarde desta quarta-feira, detalha ainda as contas que deixou e refuta qualquer acusação de ter "delapidado a almofada financeira da Fundação Centro Cultura de Belém".

Explica, por exemplo, que o subsídio a receber do Por Lisboa (2,062 milhões de euros) permitiu novos investimentos e actividades no valor de 2,153 milhões de euros, "uma operação de quase custo zero", e que parte do subsídio esperado em 2015 do Fundo de Fomento Cultural (FFC) não foi recebida a tempo do fecho de contas.

"Assim, com o subsídio do FFC em falta e com o subsídio do Por Lisboa, as disponibilidades existentes no final de 2015 - saldo transitado para 2016 -, teriam sido quase iguais às dos anos anteriores (cerca de 10,8 milhões de euros)". Teriam sido mas não foram porque o subsídio comunitário nunca chegou: "Em todo o caso, as disponibilidades em carteira e depósitos a 31 de Dezembro de 2015, eram cerca de 6,5 milhões de euros, isto é, a gestão que me sucedeu não encontrou 'cofres vazios'."

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