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“É necessário levar para Belém alguma movida”, defende presidente do CCB

05 jan, 2017 - 00:01 • Maria João Costa (Renascença) e Lucinda Canelas (Público)

Novo plano para a zona patrimonial de Belém-Ajuda ainda está a ser preparado, mas vai acautelar a autonomia de todos os equipamentos culturais, garante o presidente do CCB, Elísio Summavielle, em entrevista à Renascença e ao “Público”.

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A zona de Belém tem que criar pólos com atracções nocturnas para "levar para lá alguma movida” numa Lisboa que deve diversificar o seu centro turístico, defende o presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), Elísio Summavielle, em entrevista à Renascença e ao jornal "Público".

Quando António Lamas saiu da presidência do CCB, ficou na gaveta o seu plano para a gestão do eixo Belém-Ajuda, uma encomenda do executivo de coligação PSD-CDS que não chegou a ser apresentada publicamente (o documento ficou disponível no Portal do Governo), mas que suscitara críticas.

Elísio Summavielle nunca concordou com a sua estratégia para Belém e diz que deve ser a Câmara de Lisboa a coordenar qualquer programa para a dinamização da zona, sem hipotecar a autonomia das instituições. Mas, até agora, passado quase um ano, do plano da autarquia liderada por Fernando Medina pouco ou nada se sabe.

Afastou a ideia da criação daquilo a que chamou um “parque temático” para o eixo Belém-Ajuda que o seu antecessor, António Lamas, lançou, mas também disse que não iria deitar fora todo o projecto. O que é que vai aproveitar? Esse projecto tinha ou não algum mérito?

Eu sempre divergi em relação à filosofia de criação desse parque. É uma fórmula que, do meu ponto de vista, não beneficia o património mais importante que existe que são as pessoas. É óbvio que o eixo Belém-Ajuda ou a zona Belém-Ajuda — não é propriamente um eixo, porque há uma vertente de colina — é muito rica do ponto de vista patrimonial e de equipamentos culturais como museus, palácios, etc. É óbvio que a soma das receitas de todos os equipamentos — se falarmos nos Jerónimos, só aí é um milhão de visitantes/ano — é o suficiente para criar uma empresa altamente lucrativa. Mas não é essa a nossa intenção.

Tenho trabalhado com a Câmara de Lisboa. Há, no entanto, que fazer algum trabalho de coordenação com as restantes instituições, mas no que diz respeito à programação, à divulgação, à sinalética. Sabermos o que cada um quer fazer a cada mês para que não haja duas inaugurações à mesma hora em sítios diferentes. Tem de haver também uma ligação à vertente comercial, [é isso que me diz] a minha experiência da Lisboa 94, com a Sétima Colina. É importante envolver as forças vivas, a junta de freguesia, criar ali um bairro cultural, sim senhor, mas em que cada uma das instituições mantenha a sua total autonomia. É para isso que devemos trabalhar.

Lisboa necessita de diversificar o seu centro turístico — o Chiado já está esgotado — e temos a ocidente uma zona fantástica, mas que, infelizmente, às cinco da tarde está vazia, deserta. É necessário levar para lá alguma “movida”, criar pólos, e é fundamental que o município seja cúmplice nesse mapeamento da cidade.

Quando António Lamas saiu do CCB, no meio de toda aquela polémica, ficou-se com a ideia de que se tinha trocado o plano do anterior presidente por outro, liderado pela autarquia, em que o CCB teria um papel fundamental. Mas até agora não se conhece a nova dinâmica para Belém. Já viu esse plano? O que é que podemos esperar?

O CCB tem um papel exactamente igual ao dos outros equipamentos culturais. Pode dizer-se que o presidente do CCB tem alguma experiência nessa forma de coser várias sinergias. E estou sempre disponível para colaborar sem esquecer a prioridade e a especificidade do próprio CCB, que é aquilo que ocupa 95% do meu trabalho. Participei em algumas reuniões e sei que [está previsto] criar sinalética, mapeamento, circuitos, formas de divulgação…

Tudo isso já estava previsto no projecto de António Lamas.

Exactamente. Mas isso dispensa a criação de uma estrutura societária de gestão autónoma relativamente àquele território...

... portanto, quem coordena é a Câmara...

O último presidente da câmara de Belém foi o Alexandre Herculano e, portanto, não se vai restaurar nenhum concelho em Belém-Ajuda, mas sim criar condições para que todos possam trabalhar em conjunto. Se em 2018 avançar a construção de um hotel com 160 quartos, de prestígio, faz-se ali cidade.

Insistimos na pergunta: esse papel de pivô caberá à Câmara?

Penso que sim. É política de cidade e eu sou sensível às autarquias. É a Câmara Municipal de Lisboa que deverá conduzir esse processo.

Essa nova dinâmica estará em curso ao longo de 2017?

Penso que sim.

Comentários
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  • Manuel
    05 jan, 2017 Lisboa 14:24
    Este gajo também quer ficar na história gastando o dinheiro dos contribuintes. Agora é um htel de prestígio com a assinatura de um arquitecto comprometido com a câmara de lisboa. Se fosse no tempo do Passos Coelho os comunas já estavam a bufar por todos os lados.

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