27 jan, 2017 - 00:00
O dossiê de candidatura do Palácio Nacional de Mafra e respectiva tapada a Património Mundial da UNESCO foi entregue esta quinta-feira ao comité internacional desta organização, anunciou o município.
A entrega do dossiê com a proposta para inscrição daquele edifício na lista de Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) "correspondeu a uma etapa histórica neste complexo e exigente processo, que permitirá a tomada de decisão da UNESCO", afirmou a Câmara Municipal em comunicado publicado no respectivo 'site'.
Desde 2004 que Mafra consta da lista bens patrimoniais portugueses a serem alvo de processo de classificação proposta pela comissão nacional da UNESCO.
Em 2016, voltou a constar da listagem, depois de uma recomendação da UNESCO em 2013 para que fossem actualizadas as listas dos Estados-membros, a cada 10 anos, pré-requisito para a inscrição de bens na lista do património mundial.
O dossiê foi coordenado pelo município e pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), com a colaboração do Palácio Nacional, Escola das Armas, Tapada Nacional e paróquia de Mafra.
A Lusa aguarda mais esclarecimentos da câmara e da DGPC.
Caso venha a ser atribuída a classificação, os parceiros querem fazer coincidir o anúncio UNESCO com as comemorações dos 300 anos do lançamento da primeira pedra do palácio, que se assinalam este ano e têm o ponto alto a 17 de Novembro.
Em 2014, a câmara de Mafra (PSD) constituiu uma comissão municipal, composta pelo diretor do Centro Cultural de Belém, ex-secretário de Estado da Cultura e vereador Elísio Summavielle (PS) e por outros dois vereadores do PSD e da CDU, destinada a iniciar a elaboração da candidatura do Palácio Nacional a património mundial da UNESCO.
Em 2015, a DGPC lançou o concurso público no valor de 2,3 milhões de euros para as obras de restauro dos carrilhões e sinos do monumento, o maior conjunto sineiro do mundo que está em risco.
A candidatura a património mundial pretende contribuir para a valorização e promoção monumental e ambiental daquele conjunto arquitectónico, ao contribuir para a atracção de turistas e para o desenvolvimento socioeconómico do concelho.
Datado do século XVIII, o palácio nacional, mandado construir por D. João V com a riqueza do ouro oriundo do Brasil, é um dos mais importantes monumentos representantes do barroco em Portugal.
O património mais importante é constituído por dois carrilhões e 119 sinos, e pelos seis órgãos históricos existentes na basílica, além de esculturas e pinturas de mestres italianos e portugueses daquele período.
O palácio é ainda detentor de uma das mais ricas bibliotecas europeias, com um acervo documental de várias áreas de estudo do século XVIII.
Criada em 1747, a Tapada possui mais de 500 animais de 60 espécies diferentes, entre gamos, veados, javalis, aves como a águia de Bonelli ou o bufo real, répteis como salamandras, tritões e cobras e uma floresta de 800 hectares.
Algumas das árvores são consideradas de interesse público, como o castanheiro-da-índia, a olaia e o sobreiro.