23 fev, 2017 - 21:38 • Inês Rocha
Diogo Costa Amarante venceu o Urso de Ouro para a melhor curta-metragem do festival de Berlim, mas nem por isso quis participar no jantar para o qual foi convidado pelo secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, na embaixada portuguesa em Berlim. O evento tinha como objectivo assinalar a presença de oito filmes portugueses em competição no festival.
O realizador português quis associar-se ao protesto das várias associações do sector acerca da revisão ao decreto-lei que regulamenta a Lei do Cinema, que mantém nas mãos da Secção Especializada do Cinema e do Audiovisual (SECA) - onde têm assento vários operadores com interesses comerciais - o poder da escolha dos júris para os apoios ao cinema.
Em entrevista à Renascença, Diogo Costa Amarante pede mais transparência neste processo. “É um jogo completamente viciado” que sejam os próprios interessados a escolher quem vai decidir o financiamento de um projecto, afirma o realizador português.
“Aquilo por que estamos a lutar é para que seja o próprio Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), como órgão público, a ter uma função de juiz” e a validar os júris, para evitar conflitos de interesses. “A minha única posição é essa, transparência em absoluto”, garante.
O realizador participou na reunião desta quarta-feira com o primeiro-ministro António Costa e com o secretário de Estado da Cultura e saiu do Palácio de São Bento com esperança de que venha a ser alcançado um acordo.
“Eu senti que eles compreenderam a complexidade do assunto mas não houve uma resposta óbvia a dizer que vamos entrar por A ou B. A mensagem que foi passada foi que ouvimos, compreendemos e vamos ver onde vamos encontrar um ponto de equilíbrio”, explicou à Renascença.
Miguel Honrado anunciou que os concursos de apoio deste ano vão abrir ainda sob as regras da lei em vigor. A discussão sobre a alteração da lei do sector vai ser prolongada e só terá implicações a partir do próximo ano.