19 mai, 2017 - 00:19
Cientistas descobriram os primeiros anticorpos humanos que actuam contra todas as estirpes do vírus ébola, numa investigação que perspectiva a criação de uma vacina, revela um estudo publicado na edição digital da revista Cell.
A descoberta foi feita após uma equipa de investigadores, designadamente da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, ter analisado o sangue de um sobrevivente do surto de ébola ocorrido na África Ocidental entre 2013 e 2016, que causou mais de 11 mil mortos e infectou mais de 29 mil pessoas.
O vírus ébola provoca febre hemorrágica, uma infecção grave e frequentemente fatal para a qual não há vacinas ou tratamentos.
A maioria das terapias com anticorpos apontadas como promissoras para o combate ao Ébola tem tido como alvo uma estirpe específica do vírus.
A equipa de cientistas descobriu que dois dos 349 anticorpos de um sobrevivente do surto de 2013-2016 que tinham sido isolados num estudo anterior, e conhecidos cientificamente como "ADI-15878" e "ADI-15742", neutralizavam a infecção pelas cinco estirpes do vírus ébola em culturas celulares.
Os dois anticorpos humanos conseguiram proteger ratos expostos a uma dose letal das três principais estirpes do vírus ébola, incluindo os vírus Bundibugyo e Sudão, salienta um comunicado da Faculdade de Medicina Albert Einstein.
A nota explica que os anticorpos "ADI-15878" e "ADI-15742", ao ligarem-se a proteínas conhecidas como glicoproteínas interferem no processo em que o vírus ébola infecta e se multiplica nas células e detectam o vírus quanto ainda está na corrente sanguínea.
O grupo de investigadores identificou também os genes humanos que poderão estar na origem das células que produzem os dois anticorpos e pretende sintetizar as proteínas que desencadeiam a produção desses mesmos anticorpos.