24 ago, 2017 - 20:37
É a maior concentração do país: mais de 50 “youtubers”, muitos aspirantes e dois mil fãs deverão passar entre sexta-feira e domingo pelo Centro de Congressos do Estoril, em Cascais. Pelo VidYouFestival vão passar alguns nomes conhecidos das gerações mais novas, como Sofiabbeauty, Conguito, Nurb ou Sake.
No primeiro dia do VidYou haverá conversas e sessões à porta fechada para convidados. Sábado e domingo já todos podem entrar para aprender nas conferências. Há espaços para novos criadores divulgarem o seu trabalho e sessões de autógrafos.
Este ano, o VidYou aumenta o espaço para a reflexão. O objectivo é pensar a actividade de “youtuber” e contribuir para uma "profissionalização" do criador de conteúdo para que deixe de ser visto apenas como um jovem "que faz vídeos para rir na internet", explica Sara Bianchi, da organização.
Os "criadores de conteúdos" ou "influenciadores" querem ser levados a sério pelas marcas e pelo público. "É preciso ter visão e perceber que o vídeo ‘online’ não é uma moda, é o novo formato de conteúdo que as pessoas querem consumir", afirma.
Para Sara Bianchi, os vídeos na internet não vêm ocupar o espaço dos média tradicionais, mas podem ser um "complemento". É com agrado que vê cada vez mais órgãos de comunicação social a juntar-se a esta tendência e a criar canais de difusão digital.
A organizadora do VidYou considera que é a "liberdade" de escolher conteúdos que atrai os consumidores. "Vemos os miúdos dos oito aos 12 anos a consumirem activamente muito conteúdo por dia, mas só os conteúdos que eles gostam, não precisam de estar à espera de um programa que lhes interesse", afirma.
Mais qualidade
Para aumentar a qualidade dos trabalhos dos “youtubers” portugueses, há sessões em torno de temas como o marketing pessoal e equipamentos, com especialistas da área.
Sara Bianchi diz que há cada vez mais “youtubers” porque a produção de vídeo democratizou-se. A isto junta-se um "fenómeno" que até há "cinco anos não era possível": os jovens sentem que, "mesmo sendo novos, são ouvidos". E os “casos de sucesso” dão-lhe vontade de experimentar fazer vídeos para a internet. Hoje, é esse o "sonho de todos os jovens". É uma realidade "muito tentadora".
“Youtubers” fora do YouTube
Os filhos do YouTube continuarão a viver em casa dos pais? É este um dos temas em destaque na sexta-feira, que é dedicado exclusivamente a youtubers e aprendizes. "Ser youtuber no Facebook, Twitter, Instagram & Snapchat" é o nome da sessão que vai tentar "prever o que vai acontecer no mundo do vídeo online".
Segundo Sara Bianchi, está a ser contestado, no meio, os novos moldes de publicidade instituídos pelas marcas no YouTube. Recentemente, os anunciantes começaram a poder escolher a que canais estar associados, pondo de parte alguns que não condigam com os seus públicos. Isto fez com que as receitas com publicidade diminuíssem "drasticamente".
É por isso que "começamos a ver mais vídeo online noutras plataformas, como o Facebook”.
"O YouTube esteve na vanguarda e meteu os criadores de conteúdo numa posição que, para eles, era muito confortável, muito natural e até saudável. Eles podiam focar-se a fazer aquilo que eles gostam e não tinham de estar preocupados com a parte burocrática, porque o próprio YouTube era o moderador disto". Agora, o cenário mudou e neste campo, "como tudo na vida, aquele que se adaptar melhor acaba por vencer".