30 ago, 2017 - 07:32
O realizador Joaquim Leitão estreia, esta semana, o filme "Índice Médio de Felicidade", protagonizado por personagens que têm a supercapacidade de conseguir ter esperança e não desistir em tempos de crise.
"Índice Médio de Felicidade", que chegará a mais de 40 salas, é uma adaptação para cinema do romance homónimo de David Machado, editado em 2013 e cujo drama familiar remete para os anos recentes de austeridade pela crise económica no país.
A história centra-se em Daniel (interpretado por Marco d'Almeida), que vê a vida familiar e pessoal a desmoronar-se depois de ter sido despedido, mantendo, ainda assim um optimismo que contagia todos.
"Há uns anos que desejava fazer um filme que tivesse como pano de fundo a crise. O que se passou neste início de século, agora com a história do terrorismo e depois com a crise financeira, abalou um bocadinho aquilo que era o meu ponto de vista sobre o mundo e sobre a vida. E criou em mim o desejo de falar sobre isso", explicou à agência Lusa Joaquim Leitão.
Depois de várias pesquisas, leu o romance de David Machado e percebeu que era a história que queria fazer. "Para mim, é um filme de super-heróis, porque são pessoas que conseguem ter esperança e capacidade e resistir, parecem invencíveis nas condições mais adversas. Não têm superpoderes, mas têm uma supercapacidade de ter esperança e não desistir", afirmou o realizador.
A esperança domina
No filme, tal como no romance, há uma família a dividir-se, um amigo que é preso depois de um acto de desespero, um adolescente que vive um pouco ao abandono e uma mulher que precisa de ajuda.
Apesar de a crise económica ser uma das alavancas do enredo, tanto David Machado como Joaquim Leitão focam-se nessa ideia de esperança no futuro. "Muitos dos filmes têm uma perspectiva negra da realidade. Este tem uma perspectiva luminosa", disse.
"Algumas coisas que nos fazem felizes são grátis. E o personagem do filme reflecte sobre isso e sobre outra coisa em que acredito profundamente: As pessoas não são felizes sozinhas e a felicidade é contagiante. Há muitas coisas que a gente não consegue controlar na nossa vida. Há uma coisa que consigo controlar: a maneira como reajo às coisas que não controlo. Não é pelo facto de as nossas condições de vida tornarem-se piores que deixamos de ter possibilidade de ser felizes", acredita Joaquim Leitão.
O realizador, 60 anos, estreia "Índice Médio de Felicidade" numa altura em que finaliza a rodagem de um outro filme que pretende estrear ainda este ano, a adaptação do livro "O fim da inocência", de Francisco Salgueiro, e no qual volta a mergulhar num tema que toca a filmografia: a adolescência.