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António Lobo Antunes de volta com “Até Que as Pedras se Tornem mais Leves que a Água”

03 out, 2017 - 14:39

28.º romance do escritor "é um presente ensombrado pelos fantasmas da guerra de Angola”. É um dos destaques da D. Quixote para os próximos tempos.

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O novo romance de António Lobo Antunes, “Até Que as Pedras se Tornem mais Leves que a Água”, é editado no próximo dia 17, anunciaram esta terça-feira as Publicações D. Quixote.

“O vigésimo oitavo romance de António Lobo Antunes é um presente ensombrado pelos fantasmas da guerra de Angola”, refere a editora.

Em Agosto de 2016, o escritor publicou uma crónica na revista Visão, dedicada a seu irmão João Lobo Antunes, falecido em Outubro do ano passado, com o mesmo título do novo romance, e na qual escreveu: "O meu trabalho é escrever até que as pedras se tornem mais leves que a água. Não são romances o que faço, não conto histórias, não pretendo entreter, nem ser divertido, nem ser interessante: só quero que as pedras se tornem mais leves que a água".

Alegre e Le Carré

Na próxima semana, as Publicações D. Quixote editam o novo livro de Manuel Alegre, “Auto de António”, que aborda a figura de D. António, prior do Crato, “o último príncipe da Casa de Avis, inaugurada com D. João I, em 1383”, “um herói injustiçado da História de Portugal, que sempre fascinou o autor”, afirma a editora do grupo LeYa.

Alegre foi inspirado pelos livros “O Indesejado”, de Jorge de Sena, “Os Cadernos Secretos de Prior do Crato”, de Urbano Tavares Rodrigues, e, sobretudo, por “Os Filipes”, de António Borges Coelho.

O livro “é uma revisitação poética da figura de Dom António, e foi escrito através de várias falas, inclusive, a daqueles que nunca falaram e a do próprio autor”.

“Ao longo do livro a figura de Dom António projecta-se em vários tempos e em várias gerações e no nosso próprio tempo, sobretudo naqueles que resistiram e que tal como ele nunca se renderam”, acrescenta a editora.

D. António, prior do Crato, que viveu entre 1531 e 1595, era neto do rei D. Manuel I, e apresentou-se como candidato ao trono de Portugal em 1580, depois do desaparecimento do rei D. Sebastião, na batalha de Alcácer Quibir.

Na área da ficção estrangeira, a D. Quixote publica, no dia 17, “Um Legado de Espiões”, de John Le Carré, que diz ser “um romance com um enredo engenhoso e impressionante”, comparável a anteriores títulos do autor, também protagonizados pelo agente George Smiley, como “O Espião que Saiu do Frio” e “A Toupeira”.

“Um Legado de Espiões”, numa tradução J. Teixeira de Aguilar, é o 26.º título de John Le Carré, pseudónimo literário de David John Moore Cornwell, de 85 anos.

Romance que adivinhou Trump

No dia 24 de Outubro é publicado “Isso não pode Acontecer Aqui”, de Sinclair Lewis, Nobel da Literatura em 1930, o primeiro escritor norte-americano a receber o galardão.

“Isso não pode Acontecer Aqui”, traduzido por José Roberto, foi publicado originalmente em 1935, e “tornou-se uma obra profética após a eleição de Donald Trump”.

O romance foi escrito durante a Grande Depressão sentida nos Estados Unidos na década de 1930, após a queda de Wall Street, em 1929, e conta “a história de Buzz Windrip, um demagogo xenófobo e racista que, apesar de praticamente iletrado, consegue derrotar Franklin Roosevelt nas eleições presidenciais com a promessa de um regresso da América à prosperidade e ao orgulho, acabando por instaurar um regime ditatorial apoiado por forças militares altamente repressivas que nunca até ali os eleitores julgaram possível”.

Franklin Roosevelt foi eleito Presidente dos EUA em 1933 e encetou uma política de incentivo económico e social que ficou conhecida como “New Deal”, e com a qual recuperou o desempenho económico do país.

“Os Contos”, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, numa tradução de Maria do Carmo Abreu, são publicados no último dia do mês.

Este “livro inédito em Portugal” inclui “O Leopardo”, já anteriormente publicado, em diferentes traduções, obra que o realizador Luchino Visconti adaptou ao cinema, mas que na nova edição é acompanhada de três outros contos e de um texto de carácter autobiográfico.

Este texto, “pelas suas referências autobiográficas, havia sido objecto de alterações e cortes substanciais, feitos a pedido da viúva de Lampedusa, a princesa Alessandra Wolff Stomersee, que controlava a publicação e a revisão dos inéditos, de modo a construir uma sua versão oficial do marido como cavalheiro/escritor”, refere a editora portuguesa.

Para escrever “O Leopardo”, Lampedusa inspirou-se em histórias de família, nomeadamente de um antepassado que viveu durante o curto reinado de Francisco II das Duas Sicílias, de 1859 a 1861.

De outro autor italiano, Primo Levi (1919-1987), é publicado no dia 10, “A Trégua”, numa tradução de José Colaço Barreios, título que é apontado como a continuação de “Se isto é um Homem”, que faz o relato da viagem do sobrevivente do extermínio nazi, pela Europa devastada, após a libertação de Auschwitz, em 1945.

Esta terça-feira chega às livrarias a reedição de “Vida e Obra de Fernando Pessoa”, de João Gaspar Simões, editada pela primeira vez em 1950, que “continua a ser uma referência nos estudos pessoanos”. A edição que a partir de hoje está disponível segue a última revista pelo autor, em 1986, cerca de um ano antes da sua morte.

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