05 out, 2017 - 20:10
O primeiro-ministro anuncia que a residência oficial de São Bento, em Lisboa, vai acolher anualmente, "em regime de rotatividade", exibições de obras de arte contemporânea portuguesa, sempre provenientes de "colecções privadas de fora de Lisboa".
António Costa fez este anúncio, simbolicamente, no dia da República, em que foi inaugurada a exposição "Arte em São Bento - Serralves 2017", composta por 26 obras instaladas nas principais salas da residência, que esteve aberta ao público durante a tarde e que os cidadãos poderão visitar gratuitamente aos domingos.
Numa cerimónia nos jardins de São Bento, em que se ouviu a Orquestra Jazz de Matosinhos e se brindou com vinho do Porto, o chefe do Governo aproveitou esta ocasião, e a presença, entre outros convidados, do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, para elogiar aquela cidade - apontando-a como "uma das grandes cidades da União Europeia" - e o Norte e rejeitar o centralismo.
"Queria assegurar aos senhores embaixadores aqui presentes que termos seleccionado Serralves, a orquestra de Matosinhos e o vinho do Porto não é nenhum sinal subtil da excelência do Porto como bom local para se viver, fruir a cultura e os bons produtos", afirmou António Costa, acrescentando: "Foi com toda a lealdade que vos convidámos, porque estamos certos de que serão as melhores testemunhas de que o Porto é uma das grandes cidades da nossa União Europeia".
Rui Moreira disse depois aos jornalistas que entendeu estas palavras de António Costa como "campanha por uma coisa que todos os portugueses querem" - numa alusão à candidatura do Porto a sede da Agência Europeia do Medicamento.
No seu discurso, o primeiro-ministro adiantou que, daqui a um ano, depois do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, as obras expostas obras na residência oficial de São Bento virão da coleção de António Cachola que está no Museu de Arte Contemporânea de Elvas, selecionadas "livremente" por um curador.
"Tínhamos de ter um critério, e o critério foi simples: escolher coleções privadas de fora de Lisboa, porque há outra função muito educativa para os lisboetas, como eu, que é aprenderem que para lá de Lisboa há muito património, há muita criação, há muitas instituições que merecem o nosso conhecimento e a nossa visita", justificou.
Dirigindo-se a Rui Moreira, observou: "Não é, por isso, senhor presidente da Câmara Municipal do Porto, nenhuma tentativa centralista de nos apropriarmos das coleções que estão no Porto. Não, é uma pequena montra aqui também no coração de Lisboa".
António Costa afirmou que a residência oficial do primeiro-ministro "não é um museu nem é uma galeria, é um local de trabalho e de representação", que recebe visitantes nacionais e estrangeiros, e torna-se agora "também uma representação da criação cultural contemporânea e dos artistas portugueses".
O primeiro-ministro disse querer assinalar o 5 de Outubro "de forma especial" com esta iniciativa, "fazendo algo que é sempre necessário fazer todos os dias para fortalecer a República, que é aproximar os centros do poder dos cidadãos", abrindo-lhes as portas de São Bento.
Após a sua intervenção, António Costa sentou-se na relva dos jardins de São Bento, a ouvir o concerto da Orquestra Jazz de Matosinhos, que nesta cerimónia recebeu a Medalha de Mérito Cultural das mãos do ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes.
Além de Rui Moreira, estiveram também em São Bento os presidentes das câmaras municipais de Lisboa, de Matosinhos e de Elvas, administradores da Fundação de Serralves e autores das 26 obras expostas na residência de São Bento.
António Costa agradeceu à curadora da exposição, a directora do Museu de Serralves, Suzanne Cotter, o seu "trabalho minucioso" que renovou a arte nas paredes de São Bento, antes cheias de pinturas e tapeçarias antigas.
"Todos nós que já trabalhámos esta semana com as obras expostas estamos muito mais satisfeitos do que estávamos nas semanas anteriores", declarou.