05 out, 2017 - 12:00
O escritor de origem japonesa Kazuo Ishiguro venceu o prémio Nobel da Literatura deste ano.
Ishiguro nasceu em Nagasáqui, em 1954, mas vive na Grã-Bretanha desde os cinco anos.
No anúncio feito esta quinta-feira, a Academia Sueca justificou a distinção: "ter revelado o abismo da nossa ilusória sensação de conforto em relação ao mundo".
Em português, há pelo menos seis livros do autor editados: "Os Despojos do Dia" (1989, vencedor do Booker Prize; adaptado ao cinema), "Os Inconsolados" (1995, vencedor do Cheltenham Prize), "Quando Éramos Órfãos" (2000, nomeado para o Booker Prize), "Nunca me Deixes" (2005, nomeado para o Booker Prize; adaptado ao cinema), "Nocturnos" (2009) e "O Gigante Enterrado".
Kazuo Ishiguro escreveu oito livros, mas também vários argumentos para filme e televisão.
A secretária permanente da Academia Sueca, Sara Danius, descreveu Kazuo Ishiguro como um autor que é uma mistura entre Jane Austen e Franz Kafka, com um pouco de Marcel Proust.
Numa entrevista concedida momentos após a divulgação do nome do sucessor de Bob Dylan, Danius afirmou que, "se misturar Jane Austen e Franz Kafka, então consegue-se Kazuo Ishiguro, na essência, mas tem de se acrescentar um pouco de Marcel Proust, para depois mexer - não muito".
"Ao mesmo tempo, é um escritor de grande integridade. Desenvolveu um universo estético próprio", afirmou Danius, que realçou que a Academia Sueca atribuiu o prémio à obra na sua plenitude e não a um livro específico.
Questionada, porém, sobre qual o seu livro favorito do autor britânico de origem japonesa, a secretária permanente da Academia Sueca disse encarar todos os seus livros como "maravilhosos, verdadeiramente requintados", embora destaque "O Gigante Enterrado".
"Ele é alguém muito interessado em compreender o passado, mas não é um escritor Proustiano. Não está à procura de redimir o passado. Está a explorar o que tens de esquecer para sobreviver, em primeiro lugar, enquanto indivíduo ou enquanto sociedade", afirmou Danius.
A secretária permanente da Academia Sueca realçou que não lhes compete julgar se um premiado é controverso ou não, e declarou esperar que este anúncio "faça o mundo feliz".
No ano passado, o Nobel da Literatura foi atribuído ao músico norte-americano Bob Dylan, “por ter criado novas formas de expressão poética no quadro da grande tradição da música americana”. A atribuição do 113º prémio a Dylan foi considerada a mais radical da sua história.
No anos anteriores, o Nobel da Literatura já tinha sido concedido a Svetlana Alexievich, a jornalista bielorrusa cuja obra literária é criada a partir de extensas entrevistas a centenas de fontes, noutra escolha considerada não muito ortodoxa.
O escritor português José Saramago ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1998.