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“Heróis”. Uma peça para netos sobre a geração dos avós

12 out, 2017 - 11:09

“O futuro escreve-se directamente no tempo presente”, diz a encenadora Ainhoa Vidal. À Renascença explica o que quis com esta peça: que as crianças ultrapassem a cara de velhotes dos idosos e olhem “mais além, para o que aquelas pessoas foram e continuam a ser”.

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“Heróis” é o título da peça criada por Ainhoa Vidal, uma encenadora espanhola residente em Portugal, a partir da vontade de levar os netos ao teatro.

“A ideia surge da minha vontade de fazer um espectáculo onde os avós tragam os netos ao teatro. Acredito que entre estas duas gerações há um amor quase incondicional, não há esta coisa do ‘tenho de educar’, é simplesmente o afecto pelas gerações que estão a vir”, começa por explicar à Renascença.

“De início, não sabia bem sobre o que iria ser, depois comecei a pensar que me incomoda ver as crianças a olhar os velhos como velhos e não como estas pessoas que ultrapassaram momentos na vida e, sobretudo, um momento da história portuguesa e mundial muito importante; e que eles não consigam ultrapassar a cara de velhotes, com as rugas e pouca movimentação para olhar um pouco mais além, para o que aquelas pessoas foram e continuam a ser. Então, decidi fazer um espectáculo a partir das suas vidas como forma de celebrar o que fizeram por nós porque – e eu digo isto no meio do espectáculo – por vezes o futuro escreve-se directamente no tempo presente. E foi isso que estas pessoas fizeram: escrever o nosso presente”, adianta.

Ainhoa Vidal foi criada pelos avós e a peça surge como uma homenagem, num momento crítico da sua vida: “comecei este espectáculo no momento em que o meu último avô morreu”.

“É uma coisa muito tocante para mim. Todo o processo foi, porque continuo a amar os meus avós. Foram eles que me criaram, como muitas outras pessoas da minha geração e da que está a vir, e não nos podemos esquecer do que eles fizeram para que, por exemplo, tenhamos um país democrático. E essa é uma herança pela qual teremos sempre de lhes agradecer”, destaca.

Durante o processo de criação, a encenadora reuniu todo o tipo de informação. “Trabalhei um mês inteiro em lares e centros de dia, diariamente, gravando, indo a casa, ouvindo, escrevendo rigorosamente tudo o que eles diziam. Após um mês de trabalho diário, eu tinha umas 60, 70 páginas escritas. Além de me apoiar em livros, tanto biográficos como histórias ficcionadas, e também retirar pensamentos sobre o que é isto do envelhecimento”.

Com música original de Pedro Gonçalves, o músico dos Dead Combo, “o espectáculo tem pensamentos sobre a velhice, sobre o envelhecimento, sobre a passagem do tempo”, explica Ainhoa Vidal.

Em palco, está “uma personagem que vai envelhecendo aos olhos das pessoas que estão a assistir ao espectáculo”.

“Uma das coisas que aprendi é que esta geração que está a desaparecer está-nos a deixar algo muito importante que nós, lamentavelmente, estamos a perder: o sentimento de comunidade. E foi isso que me levou a escrever o texto”, resume a encenadora.

A peça “Heróis” está em cena na Sala Mário Viegas, no Teatro São Luiz (Lisboa), até dia 15, domingo. De segunda a sexta, às 10h30 com sessões para escolas; aos sábados às 16h00 e aos domingos às 11h00 e às 16h00.

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  • maria
    12 out, 2017 beja 14:28
    sou avó. Sinto isso que fala de estar com o meu neto e não sentir a responsabilidade de educar mas sim de aproveitar e agradecer cada momento. Não quero que ele me veja como a avozinha. Mas como alguém que tem muito para lhe ensinar. Sinto-me mais motivada do que quando fui mãe. O amor é incondicional e tudo é uma revelação. Já fui mãe, mas os meus filhos não me revelaram (eu não lia as mensagens) o milagre de cada dia ...... para nós os avós, eles são a última bênção que nos é dada. Quanto á eça não sei como está escrita nem como é coreografada ou encenada. Mas se conseguir chamar a atenção, que os avós são o POÇO DE CONHECIMENTO ONDE ELES PODEM BEBER COM CARINHO E APRENDER COM AMOR. ISSO SERIA FANTÁSTICO

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