17 jan, 2018 - 01:11
O “Crânio da Aroeira” foi esta terça-feira entregue ao Museu Nacional de Arqueologia. Foi descoberto em 2014, em Torres Novas, e é o mais antigo encontrado em Portugal.
O arqueólogo responsável pela descoberta, João Zilhão, conta à Renascença que este crânio com 400 mil anos vem inscrever Portugal no mapa arqueológico mundial.
“Os fósseis desta época são muito poucos. Na Europa há quatro jazidas que deram fósseis relevantes, que permitem a interpretação nestes termos, em Itália, França, Espanha e agora a da gruta da Aroeira. Quando o panorama é tão fragmentário e reduzido, encontrar um novo é, só por si, uma contribuição importante”, refere o investigador.
Apesar da idade do fóssil, ainda há muito a aprender sobre este período da evolução humana e que novas conclusões se podem tirar de descobertas como esta, sublinha João Zilhão.
“O que estes fósseis nos estão a mostrar é que as capacidades cranianas destas populações estão dentro da margem de variação da Humanidade actual, eles tinham cérebros tão grandes como os nossos, basicamente. De acordo com o seu comportamento, podemos supor que teriam linguagem, que conversariam”, explica o arqueólogo.
João Zilhão explica que o período a que o crânio remonta, há cerca de 400 mil anos, é fundamental para compreender a história da Humanidade.
“É um período muito importante, porque é quando, pela primeira vez, vemos as populações dos nossos antepassados funcionarem em termos da vida quotidiana, como ocupavam o território e explorava os recursos, até o tipo de ecossistemas em que viviam. É a primeira vez que os vemos a funcionar como humanos, no sentido pleno da palavra, que nós reconheceríamos como povos caçadores/recolectores”, remata João Zilhão.