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​Caretos de Podence candidatos a Património da Humanidade

26 mar, 2018 - 15:10 • Olímpia Mairos

A candidatura dos tradicionais Caretos de Podence, Macedo de Cavaleiros, a Património Imaterial da Humanidade foi formalizada esta segunda-feira junto da UNESCO.

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Os tradicionais caretos de Podence, no concelho de Macedo de Cavaleiros, estão agora mais perto de serem classificados como Património Imaterial da Humanidade.

A candidatura foi formalizada esta segunda-feira junto da UNESCO, o organismo das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O presidente da Associação do Caretos de Podence, António Carneiro, não esconde a alegria e o orgulho, considerando este “passo muito importante” para a preservação e promoção dos típicos mascarados do concelho de Macedo de Cavaleiros.

“É um orgulho, não só para Podence, mas para todo o Portugal, ter os caretos como Património da Humanidade”, afirma António Carneiro, ressalvando, no entanto, que “o caminho está agora a começar e é preciso fazer o trabalho de campo, de acordo com o que está no formulário”.

O presidente dos Caretos de Podence saúda a “coragem do Governo português, em apresentar a candidatura a Património da Humanidade” e refere que o momento é vivido como uma vitória da aldeia que “teima em preservar um património que esteve quase extinto e que hoje é uma tradição viva”.

As “Festas de Inverno Carnaval de Podence” são a única candidatura selecionada pelo Governo português, para representar Portugal na XIV reunião do Comité Internacional da UNESCO, a realizar no início do mês de dezembro de 2019, em local ainda a designar. Aí se saberá se o património da UNESCO passa a integrar os Caretos de Podence, na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.

O promotor da candidatura é o Município de Macedo de Cavaleiros, em parceria com a Associação dos Caretos de Podence, que iniciou o processo em 2014.

“O Careto de Podence é o único que chocalha”

A aldeia de Podence, no concelho de Macedo de Cavaleiros, com pouco mais de 200 habitantes, transforma-se, em época de carnaval, tornando-se pequena para acolher tantos visitantes. Ali chega gente de todo o país, da vizinha Espanha, França, Itália, Brasil e até do Japão.

Os homens que podem correr e saltar vestem fatos de caretos, feitos de lã, em tons de amarelo, verde e vermelho, e juntam-se em grupos por tudo que é sítio.

Irrompem frenéticos pelo meio do povo, com ruidosos chocalhos presos à cintura. Apoiados em pau de madeira de freixo ou castanheiro, que lhes serve de apoio quando saltam, não dão sossego a ninguém: afastam os homens e chocalham as mulheres.

O chocalhar consiste numa dança em que o careto agarra a mulher e abana a anca, batendo nesta com os chocalhos que traz à cintura, num ritual associado à fertilidade e a anunciar a mudança da estação do inverno para a primavera.

Daí o nome da festa ser “Entrudo Chocalheiro”, aquela que encerra as festas de inverno no Nordeste Transmontano e que é apontada como “o mais genuíno carnaval português”, sem samba, ao ritmo da tradição e durante quatro dias.

“É um carnaval que assenta numa matriz muito tradicional, muito colorido, em que o rei da festa é o chocalho”, conta o presidente da Associação dos Caretos, António Carneiro, sublinhando que se trata de “uma tradição conhecida a nível nacional e internacional” e que “atrai cada vez mais gente à aldeia”.

As máscaras dos caretos são feitas de vulgar latão e têm uma forma rudimentar: são vermelhas, verdes ou pretas, com o nariz pontiagudo, o que lhes confere um aspeto diabólico. É por detrás da máscara que se preserva o anonimato destas figuras misteriosas, imunes a tudo e ao tempo. E o sucesso dos caretos é justificado pela “aposta naquilo que é autêntico, que é transmontano, acima de tudo, diz com orgulho, António Carneiro.

A “Festa de Carnaval dos Caretos de Podence” foi reconhecida em 2017 pelo Governo com o estatuto de Património Cultural Imaterial de Portugal. A inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial no inventário é uma forma de salvaguardar esta tradição, na medida em que passou a estar sob a observação da tutela.

Os mais emblemáticos mascarados das tradições transmontanas têm representado Portugal em eventos internacionais com presença em dez países.

Os caretos de Podence figuram também numas das faces de uma moeda dedicada aos caretos de Trás-os-Montes, que integra a série de moedas de coleção comemorativas “Etnografia Portuguesa”. Criada pela Imprensa Nacional Casa da Moeda numa parceria com o Museu Nacional de Etnologia, a moeda foi lançada este carnaval.

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