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“Incisão no Tempo”. Júlio Pomar em exposição no Museu do Côa

23 mar, 2018 - 17:00 • Olímpia Mairos

Obras do Acervo do Atelier-Museu Júlio Pomar espalham-se pelas várias salas do museu do Côa. São cerca de 200 peças que mostram 70 anos de carreira.

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Os visitantes do Museu do Côa têm agora a oportunidade de, no mesmo espaço cultural, usufruir da arte do Côa, com cerca de 30 mil anos de existência, e da arte do artista plástico/pintor Júlio Pomar.

A exposição “Incisão no Tempo” contempla cerca de 200 peças de Júlio Pomar e assinala a abertura das comemorações do vigésimo aniversário da classificação da Arte do Côa como Património da Humanidade, pela UNESCO.

A exposição inclui um núcleo de gravuras de Júlio Pomar, que permite estabelecer uma “relação com as gravuras rupestres do Vale do Côa e, de certa forma, fazer jus à afirmação de que o artista pode ser entendido como a ‘contemporaneidade’ das gravuras dos antepassados do Vale do Côa”, explica a curadora Sara Antónia Matos.

“Esta relação pode ser visível num conjunto de gravuras de Júlio Pomar, datadas dos anos 70 do século passado, em que o pintor explora o movimento, as entradas de touros, de campinos, com a mesma figuração, ou de algum modo semelhante à que existe no Vale do Côa”, acrescenta a curadora da exposição.

Nos diferentes núcleos de obras de Júlio Pomar, presentes nas salas de exposição temporária do Museu do Côa, é possível “perceber que a forma detém um ‘poder alquímico’, entre o ser e o aparecer”.

“São imagens pairantes que, nesta exposição, habitam e demonstram a abundância da existência, num alerta tentador e provador sobre a força da vida e, sobretudo, da arte”, explicita a curadora e diretora do Atelier-Museu Júlio Pomar.

Para Sara Antónia Matos, a exposição no Museu do Côa é “importante e simbólica, já que o atelier do artista tem procurado sair da metrópole e descentralizar a sua atividade, e também porque, para Júlio Pomar, é um lugar simbólico, que o pintor visitou e do qual gosta muito”.

“Incisão no Tempo” ficará patente ao público até 5 de Agosto de 2018, nas salas de exposição temporária.

Júlio Pomar nasceu em 1926 em Lisboa. Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e as Escolas de Belas-Artes de Lisboa e Porto. Participou em 1942 numa primeira mostra de grupo, em Lisboa, e realizou a sua primeira exposição individual em 1947, no Porto, onde apresentou desenhos.

Atualmente com 92 anos, Júlio Pomar vive e trabalha em Paris e Lisboa. É um dos artistas nacionais mais prestigiados internacionalmente, autor de uma obra diversificada, composta por desenhos, pinturas, ilustrações, colagens, assemblages, cerâmicas, tapeçarias, esculturas e cenografias.

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