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Souto Moura vence Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura de Veneza

26 mai, 2018 - 14:05

O arquiteto considera o prémio "o reconhecimento do valor e do nível da arquitetura portuguesa", que "cada vez é mais reconhecida nos sítios que exigem mais qualidade".

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O arquiteto Eduardo Souto de Moura foi distinguido hoje na Bienal de Arquitetura de Veneza com um Leão de Ouro.

A 16.ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza abriu hoje ao público, na cidade italiana, com a participação de Portugal através da exposição "Public Without Rethoric".O certame dedicado à arquitetura - cujo prémio máximo é o Leão de Ouro - recebe 65 participações nacionais, divididas entre os pavilhões históricos do Giardini, do Arsenale e do centro histórico de Veneza.

Souto de Moura considera o prémio "o reconhecimento do valor e do nível da arquitetura portuguesa", que "cada vez é mais reconhecida nos sítios que exigem mais qualidade".

"É mais uma [distinção], estou contente pela arquitetura portuguesa, que cada vez é mais reconhecida nos sítios que exigem mais qualidade", afirmou Souto de Moura em declarações à agência Lusa após ter sido distinguido com um Leão de Ouro na 16.ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza, que abriu hoje ao público naquela cidade italiana.

Considerando que "o pavilhão de Portugal [na exposição] era dos melhores, com um conjunto de arquitetos que não é fácil encontrar", Souto de Moura encara esta nova distinção como "o reconhecimento do valor e do nível da arquitetura portuguesa".

"Isto tudo vem de uma tradição do Siza [Vieira], do [Fernando] Távora e de outros arquitetos", sustentou, salientando que atualmente "a arquitetura portuguesa é muito bem vista" e tem "uma qualidade superior à da maior parte dos países europeus".

"E já não é de agora, estamos fartos de ganhar prémios, o que para mim é uma vaidade, ficamos orgulhosos", acrescentou.

Relativamente ao projeto distinguido pelo júri da exposição - o complexo turístico de São Lourenço do Barrocal, a recuperação de um monte alentejano e a sua adaptação a hotel -- Souto de Moura disse que foi "um projeto muito difícil, porque não é radical": "Já fiz outros projetos mais modernos, mais antigos, este era a procura de um tom que não destruísse o ambiente do edifício e da paisagem. É um projeto de risco porque estava quase no limite do pastiche [obra em que se imita abertamente o estilo de outros artistas], era uma imitação do antigo", explicou.

Muito otimista quanto à nova geração de arquitetos em Portugal - que descreve como "excecional, quer no Porto, quer em Lisboa", e que começa agora a recuperar do período mais difícil vivido com a crise económica -- Eduardo Souto de Moura diz que o que falta hoje à arquitetura é "tempo".

"A arquitetura cada vez está mais difícil, está a mudar. Os clientes pedem os projetos para ontem, não há tempo, e a falta de tempo é um convite à mediocridade", sustentou.

"Portanto -- disse à Lusa - gostava que este projeto [do Barrocal], que demorou algum tempo, o tempo justo, servisse de receita a outros projetos que pedem a uma velocidade que não é possível fazer".

Portugal em Veneza

Souto de Moura foi um dos 100 arquitetos convidados pelas curadoras da Bienal da Arquitetura de Veneza, Yvonne Farrell e Shelley McNamara, do Grafton Architects, para a exposição principal, espaço expositivo além dos pavilhões nacionais.

Doze edifícios públicos criados por arquitetos portugueses de várias gerações, nos últimos dez anos, e filmes de quatro artistas constituem a representação de Portugal na Bienal de Arquitetura de Veneza, intitulada "Public Without Rethoric", a inaugurar hoje.

O projeto, apresentado em abril último pelos curadores, Nuno Brandão Costa e Sérgio Mah, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, está instalado no Palazzo Giustinian Lolin, sede da Fundação Ugo e Olga Levi, junto ao Grande Canal, em Veneza, entidade com a qual a Direção-Geral das Artes, organizadora da representação portuguesa, assinou um protocolo de utilização para este ano.

André Cepeda, Catarina Mourão, Nuno Cera e Salomé Lamas foram os quatro artistas convidados a criar filmes sobre os edifícios selecionados.

Os 12 edifícios de arquitetos portugueses incluídos na exposição dividem-se pelo país e pelo estrangeiro, com três localizados nos Açores: Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, na Ribeira Grande (João Mendes Ribeiro e Menos é Mais - Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos), Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo (Inês Lobo) e Centro de Visitantes da Gruta das Torres, no Pico (SAMI - Inês Vieira da Silva e Miguel Vieira).

De Lisboa estão incluídos na lista o Teatro Thalia (Gonçalo Byrne e Barbas Lopes Arquitetos, Diogo Seixas Lopes e Patrícia Barbas) e o Terminal de Cruzeiros (João Luís Carrilho da Graça).

Do Porto, são vários os edifícios que vão constar da representação portuguesa: I3S - Instituto de Inovação e Investigação em Saúde (Serôdio Furtado Associados - Isabel Furtado e João Pedro Serôdio), Molhes do Douro (Carlos Prata), Pavilhões Expositivos Temporários, "Incerteza Viva: Uma exposição a partir da 32.ª Bienal de São Paulo", Parque de Serralves (depA - Carlos Azevedo, João Crisóstomo e Luís Sobral, Diogo Aguiar Studio, FAHR 021.3 - Filipa Fróis Almeida e Hugo Reis, Fala Atelier - Ana Luísa Soares, Filipe Magalhães e Ahmed Belkhodja e Ottotto, Teresa Otto).

A lista de obras selecionadas inclui ainda o Hangar Centro Náutico, em Montemor-o-Velho (Miguel Figueira), e o Parque Urbano de Albarquel, em Setúbal (Ricardo Bak Gordon).

Fora de Portugal encontram-se o Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré, em Tours, França (Aires Mateus e Associados - Manuel e Francisco Aires Mateus), e a Estação de Metro Município, em Nápoles, Itália (Álvaro Siza Vieira, Eduardo Souto Moura e Tiago Figueiredo).

A 16.ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza estará patente ao público até ao dia 25 de novembro.

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