30 jun, 2018 - 08:56 • Ricardo Vieira
O concerto de homenagem a Zé Pedro, no Rock in Rio - Lisboa, contou com as mais altas figuras do Estado e com milhares de fãs anónimos dos Xutos & Pontapés.
Numa sexta-feira de verão que mais parecia de inverno, Nuno e Joana mostravam porque estavam ali. Tiravam fotos a fazer o sinal dos Xutos, braços cruzados a simbolizar um x.
Foram para celebrar Zé Pedro, o guitarrista que morreu em novembro do ano passado, aos 61 anos, vítima de cancro.
Para Joana, “Zé Pedro é o homem do leme, o homem que vai à frente, visionário, criativo aquele que abriu as portas”.
Nuno diz que ele é, simplesmente, “rock and roll. É o símbolo em Portugal. Quando se pensa em rock, pensamos nele e no Tim”.
Jéssica e David, 25 e 17 anos, respetivamente, são vizinhos do Parque da Bela Vista e vão ao Rock in Rio todos os anos, desta vez especialmente para ver os Xutos.
Para David é uma estreia em concertos dos Xutos. Nunca viu Zé Pedro em palco, mas ama a banda e ficou “sentido” com o desaparecimento do guitarrista, que viveu parte da juventude ali bem perto, nos Olivais.
A irmã mais velha não é estreante em espetáculos dos “padrinhos” do rock português. “O concerto dos Xutos sem o Zé Pedro vai ser diferente, emocionante, vai haver emoção no palco e no público”, previu Jéssica e acertou. Foi assim que aconteceu.
Hélder Pinheiro, 38 anos, viajou do Porto com um grupo de amigos para a homenagem ao Zé Pedro. Conta que se “arrepia” quando pensa no carismático músico.
Assistiu a “vários, muitos” concertos da banda, mas o que mais o marcou foi durante uma passagem de ano no Castelo do Queijo.
Vestido com uma camisola dos Xutos & Pontapés no meio da multidão, Rui Charuto, 46 anos, também veio do Porto pela banda portuguesa.
“Já sou fã dos Xutos há muitos anos, é como uma religião para mim. Fazem parte da minha vida”, confessa.
Em 30 anos viu muitos concertos da banda de Zé Pedro, Tim, Kalu e Gui. Recorda que “o primeiro foi no Porto, numa noite de muita chuva, num pavilhão que infelizmente já não existe, cheio até à rolha”.
Rui nunca viu uma atuação dos Xutos sem Zé Pedro em palco e confessa que não está a ser fácil encarar a nova realidade. Mas é preciso seguir em frente e homenagear o homem, o guitarrista e a sua música.
“É um bocadinho difícil encarar isto, mas vai ser bom na mesma. O Zé Pedro celebrava a vida, a música, os Xutos com os seus fãs. Ele está sempre presente, está sempre connosco. Todos os concertos dos Xutos são especiais pela música, pela relação com os fãs e porque o Zé Pedro era isto tudo. É difícil explicar por palavras, mas é uma coisa que se sente com muita força. Ele também era um amigo e tenho imensas saudades dele”, conta Rui antes de interromper a conversa e caminhar apressadamente em direção ao palco, porque a concerto vai começar.