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De Portugal para Hollywood com um genérico fictício. A história do “motion designer” que venceu um Emmy

17 set, 2018 - 14:39 • Marília Freitas

Filipe Carvalho trabalha para a televisão americana há cerca de 10 anos, mas sempre o fez a partir de Portugal. Este mês, esteve pela primeira vez em Los Angeles e logo para receber um Emmy pelo genérico da série "Counterpart", da Netflix.

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É português, ganhou um Emmy, mas só viu o genérico de
É português, ganhou um Emmy, mas só viu o genérico de 'Counterpart' quando foi para o ar

O nome de Filipe Carvalho ficou sob os holofotes da imprensa portuguesa, depois de ter vencido um Emmy pelo trabalho desenvolvido no genérico da série de televisão "Counterpart”. Mas, na verdade, este "motion designer" português já trabalha para a televisão americana há cerca de 10 anos.

No currículo, Carvalho tem participações em várias produções televisivas conhecidas como "Game of Thrones", "The Leftovers", "Cosmos" ou "Sons of Liberty" e em filmes como Spiderman 2, Thor 2 e "A Luz Entre os Oceanos".

Porém, chegar ao mercado de Hollywood não foi fácil. Consciente da grande concorrência em Los Angeles, Filipe Carvalho decidiu, há cerca de seis anos, fazer um projeto próprio que pudesse servir como rampa de lançamento.

“Desenvolvi um genérico completamente fictício, inventei tudo, filmei e fiz tudo, exceto a música. Coloquei 'online' e tive um 'feedback' gigantesco”, conta, em entrevista à Renascença. Foi esse projeto que lhe abriu as portas de Hollywood. “Ao fim de tantos anos, ainda sou chamado para projetos por causa desse vídeo.”

O genérico fictício ajuda também a definir o seu estilo como "motion designer": “muito cinematográfico e escuro”. Daí que, confessa, é mais difícil quando tem que “sair do 'habitat natural'” e fazer trabalhos para séries infantis ou 'talk shows'. Felizmente, “têm sido poucos”

Trabalhar a partir de Portugal é o cenário “perfeito”

Filipe trabalha como 'freelancer', essencialmente para clientes norte-americanos, mas o seu posto de trabalho fixo é em Portugal. A ida à cerimónia dos Emmys para as artes criativas foi a sua primeira viagem a Los Angeles. Pela primeira vez, conheceu colegas com quem trabalha há vários anos. “Foi uma festa”, recorda, “muitos deles disseram ‘tu existes realmente, não és só um endereço de e-mail’”.

Trabalhar à distância é um método normal nos Estados Unidos - dentro da equipa há quem esteja em Los Angeles e quem esteja em Seatle. Daí que, tanto para os empregadores como para os colegas, não cause estranheza o facto de Filipe trabalhar sempre a partir de Portugal. “Eles não querem saber onde é que eu estou”, garante.

As novas tecnologias ajudam muito: as reuniões são por Skype, há conversas por e-mail e os ficheiros enviados através da internet. Para Filipe, este é o cenário “perfeito”. É um tipo de emprego que, acredita, pode estar ao alcance de qualquer português que o ambicione. O importante é “ter qualidade de trabalho”.

'Game of Thrones' “vai ganhar tudo outra vez”

Esta segunda-feira, Filipe vai assistir à cerimónia dos Emmys no sofá, em Portugal. “Agora que lá estive e conheço os cantos, vai ser giro ver na televisão e dizer ‘já estive ali dentro’”.

Quantos aos vencedores, Filipe não espera grandes surpresas. “'Game of Thrones' vai ganhar tudo outra vez. Enquanto houver 'Game of Thrones' não há hipóteses para mais ninguém”.

“Tinha expetativa que o ator da série 'Counterpart', o J. K. Simmons, ganhasse um Emmy, mas nem sequer foi nomeado, foi pena.”

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