06 out, 2018 - 23:00
O arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles foi homenageado no Folio - Festival Literário Internacional de Óbidos, numa sessão que contou com a participação de companheiros de luta política, como Luis Coimbra e do escritor Vasco Rosa.
Os "lóbis do cimento, da celulose e da eletricidade" foram, ao longo da vida de Gonçalo Ribeiro Telles, de 96 anos, "os três monstros" contra os quais "nunca se cansou de alertar", afirmou Luis Coimbra, numa sessão de homenagem ao arquiteto e ambientalista, realizada em Óbidos.
Luis Coimbra, que ao lado de Gonçalo Ribeiro Telles foi fundador do Partido Popular Monárquico falou sobre o percurso do arquiteto que "conseguiu juntar a ciência, a cultura e a política em torno de um conceito universal dele: a perenidade de tudo".
O ambientalista conhecido por "ter razão antes do seu tempo" deixou como marcas do seu percurso político propostas de criação legislação para "a auto-produção de eletricidade" ou visando "o ordenamento florestal", temas que, lembrou Luis Coimbra, em 1982 "eram impensáveis".
A luta contra o nuclear e as posições em defesa do ambiente por parte do homem que defendia não se dever contrariar a natureza foram hoje lembradas em Óbidos na sessão que terminou com a entrega de uma medalha do município para ser entregue ao arquiteto cuja presença no Folio foi anunciada pela organização mas acabou por não se confirmar.
Nascido em Lisboa, a 25 de maio de 1922, Gonçalo Ribeiro Telles foi um dos pioneiros da defesa do ambiente, em Portugal e autor de projetos emblemáticos como os jardins da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto, e que recebeu o Prémio Valmor em 1975.
Em 2013, Gonçalo Ribeiro Telles foi distinguido com o 'Nobel' da Arquitetura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, que lhe seria atribuído em Auckland, na Nova Zelândia, pela federação internacional do setor, a Federação Internacional dos Arquitetos Paisagistas (IFLA).
Foi galardoado em 1969 com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, em 1988, pelo Presidente Mário Soares, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, em 1990, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, e, em 2017, pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Gonçalo Ribeiro Telles é o segundo homenageado na quarta edição de Folio (depois de Eduardo Lourenço) que decorre na vila até domingo.
Dividido em cinco capítulos (Autores, Folia, Educa, Ilustra e Boémia), O Folio integra 831 horas de programação envolvendo 554 participantes diretos, entre autores, pensadores, artistas e criativos protagonistas de 26 mesas de escritores, 25 concertos e 13 exposições, num programa com mais de 185 atividades.